“Bolsa Família de Tarcísio” começa menor do que verba social que ele próprio deixou de usar

Programa SuperAção, lançado pelo governador de São Paulo como vitrine social, tem orçamento inferior ao que foi deixado parado
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Lançado como uma promessa de transformação social pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o programa SuperAção chega ao debate público cercado por comparações incômodas.

O valor anunciado para a iniciativa, R$ 500 milhões, é menor do que a quantia que o próprio governo paulista deixou de utilizar em políticas sociais nos dois últimos anos.

Verba menor que a sobra anterior

Em 2023, a Secretaria de Desenvolvimento Social usou apenas 57% do orçamento disponível, deixando de aplicar R$ 779 milhões.

Em valores corrigidos pela inflação, a soma de recursos não utilizados em 2023 e 2024 chega a R$ 831 milhões, acima dos R$ 500 milhões prometidos agora para o SuperAção.

Segundo o governo, parte do orçamento de 2023 era voltada ao combate à Covid-19 e não foi usada por conta do recuo da pandemia. Ainda assim, a execução global da pasta ficou abaixo de anos anteriores.

Comparando com o Bolsa do Povo

Grande parte da redução nos investimentos sociais está ligada à extinção do programa Bolsa do Povo, criado em 2021 por João Doria. 

Em seu auge, o programa beneficiava 700 mil pessoas com repasses mensais e atividades em escolas e órgãos públicos.

Em 2023, toda a verba do Bolsa do Povo foi cortada por Tarcísio.
O novo SuperAção substitui esse modelo, mas com valores e escopo reduzidos.

O programa Superação da Vulnerabilidade Social, que surgiu como antecessor do SuperAção, teve baixo desempenho: dos R$ 32,2 milhões previstos em 2024, apenas R$ 6,9 milhões (21%) foram efetivamente gastos.

As críticas ao “Bolsa Família” de Tarcísio

O deputado estadual Paulo Fiorilo (PT) critica a iniciativa. Para ele, o SuperAção não se compara ao Bolsa Família, do governo federal, e tampouco substitui programas sociais estaduais anteriores:

“As ações de combate à vulnerabilidade social são muito mal executadas. É patético comparar o SuperAção ao Bolsa Família”, disse.

Fiorilo também aponta que o SuperAção pretende alcançar apenas 105 mil famílias, apesar de São Paulo ter 3,7 milhões inscritas no Cadastro Único.

Além disso, o orçamento de R$ 1,2 bilhão previsto para o Desenvolvimento Social em 2025 é menor que o total de emendas voluntárias prometidas a deputados no ano anterior.

Vale lembrar que o projeto ainda depende de aprovação da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para entrar em vigor.

E o que diz o governo de São Paulo? 

A secretária de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém, afirma que a proposta do SuperAção é diferente da de programas de transferência direta de renda. 

Segundo ela, a intenção é garantir acesso a serviços e capacitação profissional, e não apenas repassar dinheiro.

Entre outros pontos, ela argumenta que R$ 500 milhões representam apenas o aporte inicial da Secretaria de Desenvolvimento Social.

O programa será integrado a ações de outras nove secretarias, podendo atingir valores maiores com a inclusão de 29 políticas estaduais.

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