PF descobre esquema que pode ter desviado R$ 30 milhões no BPC

Operação aponta envolvimento de servidores públicos e uso indevido do app Meu INSS para acessar dados sigilosos e garantir benefícios fraudulentos
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A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (17) a Operação Fraus, que investiga um suposto esquema de fraudes em benefícios assistenciais pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 

O grupo investigado teria atuado por mais de uma década, causando prejuízos estimados em R$ 30 milhões aos cofres públicos.

O foco da ação são benefícios como o BPC/LOAS (Benefício de Prestação Continuada), destinado a idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.

Entenda como o grupo atuava

De acordo com a PF, a quadrilha era altamente organizada e contava com a participação de:

  • Servidores do INSS
  • Correspondentes bancários
  • Profissionais com acesso técnico ao sistema

O grupo se aproveitava do livre acesso a plataformas internas, como o aplicativo Meu INSS, para obter dados sigilosos de beneficiários e forjar solicitações fraudulentas de auxílio assistencial.

Segundo o delegado Adriano Espindula Soares, da PF de Macaé, a liderança da quadrilha era exercida por um homem conhecido como “Professor” ou “Rei do Benefício”, que ensinava os demais integrantes a fraudar o sistema.

Operação ocorreu no Rio de Janeiro

A Justiça Federal autorizou oito mandados de busca e apreensão, cumpridos nas seguintes localidades do Rio de Janeiro:

  • Rio de Janeiro (3 mandados)
  • Armação de Búzios (2)
  • Cabo Frio
  • São Gonçalo
  • Casimiro de Abreu

Durante a operação, a PF apreendeu:

  • R$ 74 mil em dinheiro vivo
  • Três veículos
  • Armas de fogo e munições
  • Joias
  • Celulares, notebooks e mídias digitais
  • Documentos e provas que podem aprofundar as investigações

Números da fraude são alarmantes

Em apenas seis meses de apuração, o prejuízo direto já ultrapassa R$ 1,6 milhão. Contudo, as autoridades acreditam que o total pode chegar a mais de R$ 30 milhões.

A PF identificou ao menos 415 requerimentos fraudulentos apresentados pelo grupo para obtenção do BPC/LOAS. 

O volume de pedidos era tão grande que, em alguns casos, os criminosos não conseguiam nem abrir as contas bancárias para receber os valores, o que gerava bloqueios por ausência de saque.

“Quem realmente precisa do benefício acaba sendo prejudicado”, afirmou o delegado Soares. Segundo ele, a sobrecarga no sistema e o desvio de recursos afetam diretamente os mais vulneráveis.

Ministério colaborou com apuração sobre fraudes no BPC

O Ministério da Previdência Social informou, em nota, que as investigações tiveram início após a emissão de um relatório da Coordenação-Geral de Inteligência da Previdência Social (CGINP). 

A pasta também garantiu que colaborou com todas as etapas da operação policial.

Ao menos até a publicação deste artigo, ainda não houve um o posicionamento do INSS e do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, responsável pela gestão do BPC/LOAS.

O que é o BPC? 

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), garante um salário mínimo mensal (atualmente R$ 1.518) para:

  • Pessoas com 65 anos ou mais
  • Pessoas com deficiência, independentemente da idade

Para ter acesso, é preciso comprovar ausência de renda suficiente para a própria manutenção. O benefício não exige contribuição prévia ao INSS.

Já o Bolsa Família, também citado pela PF, é voltado a famílias de baixa renda cadastradas no Cadúnico, com renda per capita de até R$ 218.

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