Governo quer isentar 87% da população do Imposto de Renda, e decisão gera polêmica

Governo propõe isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil. Medida deve beneficiar 87% da população, mas especialistas alertam para impactos na economia
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O debate sobre o Imposto de Renda voltou a ganhar força após a proposta do governo de isentar quem recebe até R$ 5 mil por mês. Durante o III Seminário Brasil Hoje, o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, saiu em defesa da medida e rebateu as críticas.

“É um absurdo isentar 87% da população brasileira do Imposto de Renda? A resposta é não”, declarou. Para ele, mesmo sem pagar IR, grande parte dos brasileiros já convive com uma alta carga tributária sobre consumo e trabalho, que pode chegar a 30% da renda.

Onde está o problema da desigualdade? 

Segundo Pinto, a maior distorção está no topo da pirâmide. O grupo mais rico ( cerca de 0,5% da população) concentra 1,5% de toda a renda nacional, mas paga apenas 2,5% em alíquota efetiva de imposto de renda.

O objetivo da proposta, portanto, é corrigir desigualdades, criando um imposto mínimo de 10% para os mais ricos. “É um passo pequeno, mas necessário para garantir mais justiça tributária”, destacou.

Críticas ao modelo de isenção proposto

Apesar do apoio dentro do governo, o projeto recebeu críticas de especialistas do setor financeiro. Roberto Campos Neto, vice-chairman e diretor global de políticas públicas do Nubank, alertou que tributar demais o capital pode reduzir a eficiência e a produtividade da economia.

“Se concentro impostos no capital e alivio a mão de obra, mudo os incentivos produtivos e perco eficiência. Isso afeta diretamente a produtividade”, afirmou.

Isenção do Imposto de Renda: quem ganha e quem perde? 

O texto apresentado pelo governo prevê isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil, mas a conta seria compensada por quem ganha acima de R$ 50 mil mensais.

Principais pontos do projeto:

  • Isenção para salários de até R$ 5 mil;
  • Tributação mínima de 10% para os mais ricos;
  • Reforço na cobrança de dividendos enviados ao exterior;
  • Previsão de renúncia fiscal de R$ 25,84 bilhões em 2026;
  • Compensação superior, de R$ 34,12 bilhões, com impostos sobre alta renda.

Com a medida, o governo busca cumprir a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aliviar o peso do Imposto de Renda sobre a população de menor renda, ao mesmo tempo em que pressiona o topo da pirâmide para equilibrar as contas públicas.

Vale frisar que o governo federal acredita que a aprovação deste projeto tem potencial de melhorar os índices de avaliação do presidente Lula. Afinal de contas, boa parte da população será atingida por um corte nada desprezível de impostos justamente no ano das eleições presidenciais.

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