Descontos invisíveis: aposentados do INSS enfrentam avalanche de cobranças sindicais sem saber
Veja como funcionam os temidos descontos invisíveis do INSS, e como se livrar de cada um deles para não quer qualquer tipo de prejuízoA cobrança de mensalidades sindicais diretamente dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está no centro de uma nova polêmica que afeta milhares de aposentados e pensionistas em todo o país.
Dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação pelo jornal O Globo revelam que, em apenas dois anos, esse tipo de arrecadação quase triplicou: saltou de R$ 30,7 milhões em 2022 para R$ 88,6 milhões em 2024, repassados a 37 entidades.
Ao mesmo tempo, aumentaram as queixas e os processos judiciais por descontos indevidos, especialmente entre os mais vulneráveis: idosos da zona rural, muitos analfabetos e sem acesso à internet.
O que está acontecendo na prática no INSS
De acordo com postagens nas redes sociais, muitos beneficiários relatam que nunca autorizaram qualquer desconto associativo, mas passaram a ver valores reduzidos em seus benefícios.
O INSS, por sua vez, se diz sem explicações. O Instituto afirma que não sabe ao certo o motivo do aumento e destaca que os valores podem ter crescido em razão do reajuste do salário mínimo, que serve de base de muitos benefícios.
As reclamações sobre descontos indevidos cresceram 276,5% em um ano, segundo relatório interno. De maio de 2023 a maio de 2024, o número saltou de 26 mil para 97,9 mil. Isso indica que quanto mais descontos indevidos, mais processos são abertos.
Os casos que chamam atenção no INSS
Em São Luís Gonzaga do Maranhão, uma aposentada de 81 anos, moradora da zona rural, viu R$ 1.509,20 sumirem do seu benefício desde 2020, sem nunca ter assinado nada.
“Ela mora com filhos e netos. Cada centavo faz falta. O valor descontado faz diferença entre comprar comida ou não”, relata seu advogado, Rodolpho Cavalcanti. Ele disse ainda que acompanha mais de 50 casos semelhantes.
Já em Floriano (PI), o advogado Caio Iggo Miranda acompanha cerca de 60 processos parecidos. Um deles envolve uma idosa de 94 anos, com descontos mensais de R$ 30,36.
“A maioria dos meus clientes é de pessoas da zona rural, que nem sabem ler. Qualquer valor retirado prejudica diretamente sua sobrevivência”, afirma.
O que você pode fazer?
Mas aí entra uma nova questão: o que você pode fazer caso entenda que também está sendo vítima desse tipo de erro?
De acordo com especialistas, é preciso seguir as indicações abaixo:
- Consulte o extrato detalhado do INSS (disponível no site ou app Meu INSS);
- Registre uma reclamação na ouvidoria do INSS;
- Procure um advogado ou a Defensoria Pública para avaliar possíveis reembolsos.
Contar com ajuda profissional, seja ela gratuita ou não, é fundamental para que você realize todos os procedimentos da maneira mais objetiva possível.