Brasil se prepara para tarifas dos EUA com exportações industriais em nível recorde
Exportações de itens industriais do Brasil para os EUA bateram recorde este ano, somando US$ 16 bilhõesA iminente tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, programada para entrar em vigor em 1º de agosto, ameaça não apenas o agronegócio brasileiro, mas também suas florescentes exportações industriais para os Estados Unidos.
Dados do Monitor do Comércio Brasil-EUA, da Amcham, revelam que as exportações industriais brasileiras para os EUA atingiram um recorde de US$ 16 bilhões no primeiro semestre, um aumento de 8,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Diante disso, o governo brasileiro corre para elaborar uma estratégia de resposta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou, na noite de domingo, uma reunião de emergência, fora da agenda oficial, para discutir o assunto.
Para o encontro, ele chamou o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, e técnicos do Ministério da Fazenda.
Mais cedo, Alckmin havia afirmado que o governo editará, até terça-feira, o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica.
Essa lei permitiria ao Brasil retaliar as tarifas de Trump, impondo tributos ou restrições às importações americanas, suspendendo concessões comerciais e de investimentos, e até mesmo direitos de propriedade intelectual.
No entanto, Alckmin ressaltou que o Planalto ainda trabalha para reverter a tarifa por meio de canais diplomáticos.
EUA e o destino da Indústria Brasileira
O resultado do primeiro semestre consolida a posição dos EUA como o principal destino das exportações da indústria nacional, representando 12,4% do total. O mercado americano comprou mais itens industriais do Brasil neste ano do que o Mercosul (US$ 11,5 bilhões), a União Europeia (US$ 10,8 bilhões) e até mesmo a China (US$ 9,7 bilhões).
Apesar do aumento das exportações para os EUA, o setor industrial brasileiro continua deficitário no comércio bilateral, com um total de US$ 3,7 bilhões — um aumento de 55,6% em relação ao primeiro semestre de 2024.
A participação da indústria na pauta exportadora para os EUA cresceu de 76,6% para 79,8% no primeiro semestre de 2025, impulsionada principalmente por bens da agroindústria.
O comércio bilateral entre os dois países, considerando todos os setores, alcançou US$ 41,7 bilhões este ano, um aumento de 7,7% em relação a 2024. Este é o segundo maior valor da série histórica e manteve os EUA como o segundo maior parceiro comercial do Brasil em bens.
As exportações do Brasil para os EUA totalizaram US$ 20 bilhões no período, um aumento de 4,4% na comparação anual, enquanto as importações de produtos brasileiros pelos americanos somaram US$ 21,7 bilhões, um aumento de 11,5%.
Com isso, o Brasil registrou um déficit comercial de US$ 1,7 bilhão com os EUA no primeiro semestre.