Capacidade de compra continua restrita

Fatores como a valorização do dólar e o aumento constante nos preços dos alimentos dificultam uma recuperação significativa na renda real
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Em 2025, o salário mínimo no Brasil passou a ser de R$ 1.518,00, elevando-se em R$ 106 em comparação ao ano anterior. Embora tenha havido um incremento de 7,5%, a expectativa é de que a capacidade aquisitiva dos brasileiros em relação à cesta básica continue praticamente inalterada.

Fatores como a valorização do dólar e o aumento constante nos preços dos alimentos dificultam uma recuperação significativa na renda real da população.

De acordo com uma análise da consultoria LCA 4intelligence, essa estagnação deve se estender até 2026, com o poder de compra permanecido abaixo dos índices vistos antes da pandemia. Esse contexto representa um dilema para o governo, que lida com uma percepção negativa do público sobre a economia.

Capacidade de compra continua restrita

Uma pesquisa conduzida pelo economista Bruno Imaizumi avaliou o preço da cesta básica em São Paulo, utilizando informações do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O estudo confrontou esse custo com o salário mínimo em vigor, que recebeu ajustes a partir de 2023, baseado na inflação e no crescimento do PIB, com um limite de 2,5% acima da inflação.

Entre 1998 e 2010, houve um aumento significativo no poder de compra, permitindo que o salário mínimo adquirisse uma maior quantidade de cestas básicas. Entretanto, a partir de 2020, a pandemia de COVID-19 e o crescimento dos preços dos alimentos diminuíram essa capacidade.

Em 2024, por exemplo, o salário mínimo só era suficiente para comprar 1,7 cesta básica, sem recuperar os níveis pré-pandemia.

Inflação alimentar

A inflação dos alimentos excede a inflação geral, afetando diretamente o poder de compra. Condições climáticas adversas, como chuvas intensas, secas e incêndios, impactaram a produção agrícola no Brasil e em outras nações produturas. Ademais, a desvalorização do real favorece a exportação, diminuindo a oferta interna e aumentando os preços.

Para 2025 e 2026, espera-se que a inflação dos alimentos e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentem variações mais semelhantes, porém os preços dos alimentos devem continuar altos.

O aumento das commodities no mercado internacional, impulsionado pela desvalorização da moeda brasileira, também colabora para a elevação dos preços no Brasil.

Efeito da situação econômica

A persistência dos preços elevados após a pandemia pode agravar o fenômeno do “efeito pêndulo”, onde a insatisfação econômica favorece partidos de oposição nas urnas. O presidente Lula enfrenta o desafio de evidenciar melhorias na economia, apesar das dificuldades percebidas pela população.

O cientista político Creomar de Souza destaca que, mesmo com a redução do desemprego e o aumento salarial, a sensação de estagnação poderá influenciar os resultados nas eleições de 2026. Para mitigar consequências negativas, é crucial que o governo alinhe uma comunicação eficaz com ações concretas que possam restaurar a confiança econômica.

Opções do governo

O governo se depara com duas direções principais: uma é manter a rigorosa disciplina fiscal para restaurar a confiança do mercado, enquanto a outra é aumentar os investimentos públicos na tentativa de estimular a economia e garantir a reeleição.

A escolha entre essas alternativas pode afetar de maneira significativa o ambiente político e econômico nos anos futuros.

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