PT decide focar em compra de imóveis pela família Bolsonaro
Ideia é deslocar o enredo de que Bolsonaro não está ligado a casos de corrupção. Peças de publicidade estão no ar desde a última semanaO Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu aplicar uma leve alteração na campanha do ex-presidente Lula à presidência. Informações de bastidores dão conta de que a ordem agora é usar a denúncia de compra de imóveis com dinheiro vivo para grudar no presidente a ideia de que ele não é imune às denúncias de corrupção.
Na última semana, o portal de notícias UOL descobriu através de um trabalho de jornalismo investigativo, que o presidente e membros de sua família compraram 51 imóveis com dinheiro vivo. A prática, que não é vista como muito comum entre cidadãos brasileiros, se tornou corriqueira entre os integrantes da família do presidente.
Vale lembrar que nem mesmo Bolsonaro negou que as compras tenham existido. Em entrevista recente, ele disse que não há nenhum crime em comprar imóveis com dinheiro público. De fato, não é. Contudo, o argumento não parece impedir que o PT explore o tema e jogue uma desconfiança sobre as transações.
Desde o último final de semana, a campanha do ex-presidente Lula vem veiculando peças de 30 segundos no rádio e na TV sobre o tema. Entre outros pontos, eles dizem que a denúncia do portal UOL revelaria um “escândalo tamanho família”. Mais inserções sobre o tema estão sendo preparadas para serem veiculadas no rádio e na TV.
Até aqui, o PT vinha atacando Bolsonaro apenas pela questão do aumento da fome e da demora na entrega das vacinas durante a pandemia. Com o desempenho considerado morno de Lula no debate realizado pela TV Bandeirantes, a ordem agora é partir para o ataque e focar nas denúncias de corrupção da família do presidente.
Bolsonaro não assiste parado
Se o PT está traçando uma estratégia para os últimos dias da disputa presidencial, Bolsonaro também está. Informações de bastidores dão conta de que o presidente deve focar a sua máquina em dois grupos específicos: as mulheres e os evangélicos.
Entre as mulheres, o plano é diminuir a vantagem do ex-presidente Lula. Hoje, as principais pesquisas de opinião mostram que a maioria delas ainda rejeita muito o atual chefe de estado, à exemplo do que aconteceu no ano de 2018.
Entre os evangélicos, o cenário se inverte, e Bolsonaro ainda tem uma larga vantagem para Lula, ainda de acordo com as pesquisas. Contudo, a avaliação da campanha é de que ainda é possível crescer dentro deste grupo.
Um nome é visto como uma chave para dialogar com os dois públicos: Michelle Bolsonaro. Nos últimos dias, a primeira-dama vem participando mais ativamente da campanha do marido. Em vídeo recente, ela disse que sente “até um ciuminho” pela “atenção que Bolsonaro dá para as mulheres brasileiras”.