Reforma do seguro-desemprego na França é rechaçada: “roubando do trabalhador”
As várias alterações endurecem as regras para conseguir o benefício no paísA reforma no seguro-desemprego na França está causando um rebuliço generalizado nesta segunda-feira (27). O endurecimento das regras para conseguir o benefício foi reprovado por sindicatos, pela esquerda e pelo partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN).
Enquanto o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, que apresentou o projeto no fim de semana critica os oponentes por o que ele chama de inércia às vésperas das eleições europeias, a oposição rechaça a forma e os objetivos da mudança.
Entre as alterações propostas na reforma do seguro-desemprego na França estão:
- a duração do seguro-desemprego passa para 15 meses, três a menos do que os atuais 18 meses;
- A necessidade de ter trabalhado por oito meses dos últimos 20. Atualmente é preciso comprovar trabalho por seis meses em um período de 24 meses.
Os termos da reforma do seguro-desemprego francês foram expostos por Gabriel Attal no domingo (26), durante uma entrevista.
Para Jean-Eudes du Mesnil du Buisson, secretário-geral da Confederação de Pequenas e Médias Empresas (CPME), apesar das mudanças propostas pelo primeiro-ministro, o sistema francês continua sendo “um dos mais generosos do mundo”.
Em contrapartida, a CPME não concorda com a chamada extensão do sistema de “bônus-malus”, que atualmente é aplicado a apenas sete setores. O recurso permite que as empresas tenham as contribuições para o seguro-desemprego adaptadas, conforme o tempo de duração dos contratos.
A medida tem o objetivo de incentivar as empresas a manter os trabalhadores por mais tempo em seus quadros de funcionários. No entanto, Jean-Eudes defende que o “bônus-malus” não tem serventia e que pode prejudicar alguns trabalhos difíceis que “têm uma taxa de rotatividade maior do que em outros setores”.
Por sua vez, representantes de sindicatos da França acusaram o governo de mentir para “roubar” os empregados. Eles também apontaram que as alterações podem reduzir significativamente o número de candidatos a emprego que recebem auxílio-desemprego.
“O que significa que os candidatos a emprego que já estão em uma situação precária ficarão na pobreza”, disse Michel Beaugas, da confederação sindical Força Operária (FO), à agência de notícias AFP.