Por que a previdência dos militares custa muito mais que a do INSS?
Entenda a conta por trás dos gastos com as aposentadorias dos militares e dos civis do INSS, e saiba por que tema é tabu no congresso nacionalNo mesmo momento em que o Brasil tenta equilibrar as suas contas públicas, um dado começa a chamar atenção: o custo por beneficiário da previdência dos militares é 18 vezes maior do que o de aposentados e pensionistas do INSS.
Essa mesma discrepância também pode ser vista em relação aos servidores civis federais, que atualmente custam metade do que é gasto com os aposentados integrantes das Forças Armadas.
Os números do déficit
Esse “rombo” é atualmente coberto pelo Tesouro Nacional. Na prática, isso significa que todos os brasileiros acabam pagando muito mais para manter a aposentadoria de um militar, do que a aposentadoria de um civil.
Veja os números:
- Militares das Forças Armadas: o rombo por beneficiário chegou a R$ 162.481 em 2024.
- Servidores civis federais: cada aposentado ou pensionista custou R$ 75.497 ao governo.
- Aposentados e pensionistas do INSS: o custo individual foi de apenas R$ 8.702.
Em termos gerais, o déficit da previdência militar foi de R$ 50,88 bilhões para atender 313 mil beneficiários, enquanto o INSS teve um déficit muito maior, R$ 297,39 bilhões, mas para 34,1 milhões de pessoas.
TCU fez alerta
Diante desse contexto, o Tribunal de Contas da União (TCU) alertou que o governo federal precisa tomar providências para aplicar reajustes o quanto antes.
O Ministério da Fazenda, chefiado pelo ministro Fernando Haddad (PT), disse que já enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que visa economizar R$ 2 bilhões por ano na previdência dos militares.
Especialistas do próprio TCU, no entanto, afirmam que as propostas de mudanças são modestas e não devem resolver o problema fiscal de maneira estrutural.
O que diz o projeto do governo federal sobre militares
Abaixo, você pode conferir uma lista de propostas de mudanças que estão dispostas no texto enviado pelo Ministério da Fazenda ao Congresso Nacional:
- Idade mínima para a reserva: passaria a ser de 55 anos, com regra de transição até 2032.
- Fim da reversão de cotas de pensão: atualmente, quando um pensionista morre, sua parte é redistribuída aos demais.
- Contribuição médica padronizada: taxa de 3,5% para inativos e pensionistas.
- Fim da “morte ficta”: revoga o direito de famílias de militares presos receberem pensão integral.
Os militares na história
Historicamente, os militares sempre tiveram um tratamento diferenciado dos civis quando o assunto é previdência.
A Reforma mais recente ocorrida em 2019 trouxe algumas mudanças, como um aumento do tempo de serviço de 30 para 35 anos. Mas ao mesmo tempo, o projeto concedeu uma série de reajustes salariais.
Algumas vantagens, por exemplo, seguem intactas:
- Pensão equivalente ao último salário da ativa.
- Possibilidade de acumular pensões herdadas.