Mensagens fora do expediente podem ser risco crescente de horas extras
Mensagens em aplicativos fora do horário de trabalho podem causar mais danos do que se imaginaO uso de aplicativos como o WhatsApp para comunicação corporativa, mesmo fora do horário de expediente, parece inofensivo. No entanto, essa prática está se tornando uma preocupação significativa e um risco crescente de passivos trabalhistas para as empresas.
O contato com funcionários fora do horário de trabalho pode ser interpretado judicialmente como tempo à disposição do empregador, configurando horas extras e gerando custos inesperados.
Dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST) revelam a dimensão do problema: em 2024, foram registrados 2,1 milhões de novos processos em primeira instância, um aumento de 14,1% em relação ao ano anterior. Entre os temas mais frequentes, os pedidos relacionados a horas extras se destacam.
Extensão da jornada de trabalho
Especialistas alertam que até mesmo perguntas rápidas enviadas por gestores em grupos corporativos podem servir como prova de extensão da jornada de trabalho.
Quando o contato fora do expediente é interpretado como uma exigência de trabalho ou há pressão por respostas imediatas, a situação pode caracterizar controle de jornada.
A ausência de regras claras para o uso de grupos corporativos apenas agrava o cenário, podendo gerar provas contra a própria empresa em ações futuras.
A situação piora quando essa prática se torna rotineira. Mesmo que o gestor não exija uma resposta explícita, o funcionário pode se sentir pressionado a responder, e essa percepção já é suficiente para vincular a atividade ao trabalho fora do horário.
Além dos prejuízos financeiros, esse tipo de problema pode manchar a imagem da empresa e minar a confiança da equipe. Para mitigar esses riscos, especialistas recomendam a implementação de políticas claras de comunicação corporativa, treinamento para lideranças e programas de compliance trabalhista.
Essas medidas são essenciais para proteger a empresa de futuros litígios e, ao mesmo tempo, preservar a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores.
Conclusão
Empresas precisam reconhecer que a linha entre a informalidade e a exigência de trabalho é tênue, e que o custo de não estabelecer limites claros pode ser alto, tanto financeiramente quanto para o clima organizacional.
Investir em políticas de comunicação bem definidas, capacitar líderes e promover um ambiente de respeito ao tempo de descanso do colaborador são passos fundamentais.
Agir proativamente para gerenciar essa prática é essencial para garantir a segurança jurídica da empresa e, mais importante, para proteger o bem-estar e a produtividade da equipe de trabalho.