Bolsa Família: estudo revela queda de até 55% nas mortes; veja detalhes

Estudo mostra que o Bolsa Família reduziu em até 55% as mortes por Aids entre mulheres pobres no Brasil. Veja os números e entenda
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O Bolsa Família não é apenas um programa de transferência de renda: ele pode salvar vidas. 

Um levantamento conduzido pela Fiocruz em parceria com a Universidade Federal da Bahia revelou que o benefício ajudou a reduzir significativamente os casos de Aids e as mortes pela doença em mulheres em situação de vulnerabilidade no Brasil.

Os resultados, publicados na revista Nature Human Behaviour, mostram que as beneficiárias do programa e suas filhas apresentaram quedas expressivas tanto na incidência quanto na mortalidade, reforçando o papel do auxílio como instrumento de proteção social e de saúde pública.

Os números que impressionam 

De acordo com a pesquisa, a comparação entre mulheres que recebem o Bolsa Família e aquelas que não recebem o benefício revelou:

  • 47% de redução na incidência de Aids e 55% de redução na mortalidade entre filhas de beneficiárias;
  • 42% menos casos e 43% menos mortes entre mães beneficiárias;
  • Entre mães de baixa renda, pretas ou pardas, a redução chegou a 53% nos casos e 51% nos óbitos.

Esses dados foram obtidos a partir da análise de 12,3 milhões de mulheres ao longo de nove anos, utilizando registros do Cadastro Único e do Ministério da Saúde.

Histórias que revelam a realidade

E entrevista à Folha de São Paulo, Amara (nome fictício), de 40 anos, disse que vive em Camaçari (BA) e recebe o Bolsa Família desde 2021.

Diagnosticada com HIV em 2024, ela não desenvolveu Aids, mas enfrenta desafios diários para se manter no tratamento. Trabalhadora informal, relata que precisa faltar ao serviço e perde renda:

“Estou indo a pé para economizar no transporte. Me separei depois do diagnóstico, meu ex-marido me traiu e me passou o vírus”, conta.

A rotina de Amara ilustra como o programa pode ser decisivo para garantir o mínimo de estabilidade a famílias em situação de extrema vulnerabilidade.

Mas como o Bolsa Família faz diferença? 

Segundo os pesquisadores, o impacto positivo se deve não apenas à renda transferida, mas também às condicionalidades do programa, como:

  • Acompanhamento em saúde;
  • Exigência de vacinação;
  • Realização de pré-natal.

Essas medidas aproximam as mulheres dos serviços de saúde, facilitando o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento.

Educação, raça e pobreza

A pesquisadora Andrea Ferreira Silva ressalta a importância de considerar a interseccionalidade das vulnerabilidades. 

Mulheres pobres, pretas e pardas são mais expostas aos riscos, mas também as que mais se beneficiam do programa.

Outro dado mostra que, entre mães de baixa renda com maior escolaridade, os efeitos foram ainda mais significativos: redução de 56% nos casos e 55% nas mortes. 

Para os especialistas, a educação potencializa o uso do benefício, aumenta a adesão ao tratamento e fortalece a autonomia feminina.

Impacto do Bolsa Família em outras áreas da saúde

O efeito não se limita à Aids. Pesquisas anteriores já haviam identificado que o Bolsa Família contribui para reduzir:

  • casos de tuberculose;
  • mortalidade infantil;
  • problemas de saúde mental.

Na prática, o programa funciona como uma rede de proteção para famílias que sobrevivem de trabalhos informais, garantindo segurança mínima nos momentos de maior fragilidade.

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