FGTS em perigo? Entenda o alerta de Carlos Vieira sobre possível colapso
Presidente da Caixa alerta: mudanças nas regras de saque podem levar o FGTS a uma crise sem precedentes. Entenda os riscosO futuro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) voltou ao centro do debate após declarações do presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira.
Durante o evento Rio Construção Summit, no Rio de Janeiro, ele destacou que o modelo de financiamento imobiliário baseado no fundo precisa ser urgentemente reavaliado.
Segundo Vieira, a concorrência com novos usos dos recursos ameaça a sustentabilidade do FGTS.
“Vamos ter uma crise muito grande do FGTS”, declarou de forma direta, chamando atenção para o risco de esvaziamento do fundo que há quase 60 anos garante direitos aos trabalhadores.
O que está em jogo no FGTS?
Vieira ressaltou que, mesmo com a geração de empregos e o saldo positivo do fundo, medidas em discussão no Congresso podem reduzir drasticamente o caixa do FGTS.
Um exemplo citado por ele é o PL 807/2023, que prevê o saque para mulheres vítimas de violência doméstica. O presidente reconheceu a importância da proposta, mas alertou: se aprovada, pode retirar cerca de R$ 70 bilhões dos cofres do fundo.
Além disso, já existem outras iniciativas que ampliam as possibilidades de saque, criando concorrência direta com a função principal do FGTS.
Qual era a função original do FGTS?
Criado em 13 de dezembro de 1966, o FGTS nasceu com dois propósitos principais:
- Apoiar o trabalhador em momentos de demissão ou aposentadoria;
- Fomentar o crédito imobiliário, enquanto o recurso não fosse resgatado.
Para Vieira, a expansão de novas regras de uso pode distorcer esses objetivos. “O alerta é no sentido de que hoje existem elementos concorrenciais ao princípio básico do FGTS”, afirmou.
As falas do presidente da Caixa soam como um recado ao Congresso: se novas autorizações de saque forem aprovadas sem contrapartida, o FGTS pode deixar de cumprir sua função histórica e enfrentar uma crise sem precedentes.
O que é o FGTS
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado em 1966 como uma forma de proteção ao trabalhador. A cada mês, os empregadores devem depositar o equivalente a 8% do salário em uma conta vinculada ao nome do funcionário, administrada pela Caixa Econômica Federal.
Esse dinheiro não pode ser movimentado livremente. O saque é permitido apenas em situações específicas, como demissão sem justa causa, aposentadoria, doenças graves, compra da casa própria ou falecimento do titular.
Além disso, o trabalhador também pode ter acesso ao saldo em casos autorizados por lei, como o saque-aniversário.
Os recursos do FGTS não ficam parados: eles são aplicados em projetos de habitação, saneamento e infraestrutura. Essa característica faz com que o fundo tenha impacto não apenas na vida do trabalhador, mas também no desenvolvimento econômico e social do país.