Muitos trabalhadores passam anos sem saber que têm dinheiro esquecido no FGTS, enquanto empresas acumulam dívidas e deixam de fazer os depósitos obrigatórios.
Em 2025, esse cenário começou a mudar de forma histórica. O governo federal confirmou a maior recuperação de valores do FGTS já registrada no país, com bilhões retornando às contas dos empregados.
Segundo dados da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), R$ 1,4 bilhão foi recuperado até agosto, superando o total de 2024 e ultrapassando a meta anual estabelecida.
A quantia se refere a depósitos que as empresas tinham obrigação de repassar ao FGTS, mas não fizeram.
FGTS: recuperação histórica e crédito direto ao trabalhador
De acordo com a PGFN, toda empresa que tenta regularizar dívidas tributárias precisa incluir também os débitos do FGTS, já que os acordos só são aprovados quando contemplam as pendências trabalhistas.
Quando a dívida é quitada:
- o dinheiro volta para o Fundo;
- os valores são corrigidos;
- O crédito é feito automaticamente nas contas individuais do trabalhador.
Essa regra vale mesmo quando a dívida é antiga, garantindo que os depósitos esquecidos sejam recuperados com juros e correção monetária.
Caso Varig: uma das maiores dívidas do FGTS chega ao fim
Um dos episódios mais simbólicos dessa recuperação envolve a Varig. A antiga companhia aérea, que faliu há cerca de 15 anos, acumulou um rombo bilionário no FGTS e deixou milhares de trabalhadores sem receber os valores devidos.
Em agosto, a PGFN firmou um acordo com a massa falida da empresa e o pagamento integral da dívida foi finalmente concluído, encerrando uma disputa judicial que se arrastava por mais de uma década. Ex-funcionários foram diretamente beneficiados com o depósito.
Como o governo está recuperando os valores do FGTS
A PGFN atua em três frentes principais para recuperar o dinheiro do trabalhador:
- execução fiscal
- pagamentos voluntários
- acordos de transação
Essas negociações permitem que empresas em situação financeira complicada paguem seus débitos com descontos e prazos maiores, desde que se comprometam a não gerar novas pendências.
O órgão também prepara novas medidas de cobrança, como inscrição automática no Cadin e integração com outros bancos de dados, para acelerar o repasse ao Fundo.
Cobrança centralizada e resultados mais rápidos
Desde 2024, a PGFN passou a ser a única responsável pela cobrança judicial e administrativa das dívidas do FGTS — função que antes era dividida com a Caixa.
Com isso, o governo ampliou o volume recuperado utilizando:
- cruzamento de dados com a Receita Federal;
- cobrança digital;
- negociações mais rápidas.
O trabalhador, por sua vez, mantém o direito de receber o que é seu, podendo consultar os valores pelo aplicativo ou site da Caixa.