O presidente do conselho e sócio do BTG Pactual, André Esteves, defendeu nesta segunda-feira (10) que o Brasil precisa alinhar melhor suas políticas fiscal e monetária para garantir estabilidade econômica.
Em evento do Milken Institute, realizado em São Paulo, o executivo afirmou que o país vive uma situação contraditória, comparando-a a “um pé no acelerador e outro no freio”.
Segundo ele, a Selic em 15% é considerada alta, mas uma possível redução dos juros só deve ocorrer no início do próximo ano. Esteves reforçou que o ritmo desse corte dependerá diretamente das medidas fiscais adotadas pelo governo.
Debate sobre o salário mínimo e o Bolsa Família
Durante sua fala, André Esteves classificou como “questionável” o reajuste real do salário mínimo em um momento de baixo desemprego.
Apesar disso, ele destacou ser favorável à manutenção do Bolsa Família, ponderando que o programa cresceu bastante e precisa agora incentivar o retorno de parte dos beneficiários ao mercado de trabalho.
Oportunidades e desafios econômicos
O executivo também destacou que o atual cenário de retração do multilateralismo global pode abrir novas oportunidades para o Brasil e a América Latina.
Para ele, o país pode se beneficiar desse contexto se mantiver uma agenda de reformas regulatórias e microeconômicas voltadas ao ambiente de negócios.
Entre os avanços, Esteves citou o projeto de lei dos data centers como um passo inicial importante, mas reforçou que o Brasil precisa ir além. Ele elogiou a atuação do setor privado nas negociações recentes com os Estados Unidos, afirmando que o empresariado teve papel crucial para evitar tensões comerciais maiores.
Olhar para os mercados internacionais
Ao comentar o desempenho dos mercados financeiros, Esteves destacou que os Estados Unidos seguem sendo a principal força global. Desde o Dia da Libertação, em abril, ele observou uma tendência de diversificação dos portfólios para além do dólar e do mercado americano.
Apesar de sinais de desaceleração, o empresário afirmou que não há nada “dramático” acontecendo na economia dos EUA.
Ele, porém, alertou para o risco de superavaliação nas empresas de inteligência artificial, que vêm realizando investimentos (Capex) da ordem de US$ 350 bilhões. Segundo ele, esse movimento pode gerar, futuramente, uma correção mais forte nos mercados.
O outro lado da história
Apesar da crítica de André Esteves, outros economistas defendem o aumento real do salário mínimo como uma medida essencial para fortalecer o consumo interno e reduzir desigualdades.
Segundo essa visão, reajustes acima da inflação ajudam a movimentar a economia, já que boa parte da população destina o valor recebido à compra de produtos e serviços básicos.
Além disso, o aumento real é visto como uma forma de garantir que trabalhadores e aposentados mantenham o poder de compra diante da alta do custo de vida, estimulando a atividade econômica e contribuindo para um ciclo virtuoso de crescimento e geração de empregos.