O clima no INSS voltou a se tensionar após um pedido formal do presidente do órgão, Gilberto Waller. Ele encaminhou um documento ao Ministério da Previdência solicitando que a diretora Léa Bressy Amorim seja retirada temporariamente das funções.
A justificativa está relacionada à ligação pessoal dela com o ex-presidente Alessandro Stefanutto.
O pedido foi enviado nesta quarta-feira (19), poucos dias depois de Stefanutto ser preso durante uma operação da Polícia Federal. A ação investiga um esquema milionário de descontos ilegais que atingiu aposentados e pensionistas do INSS.
Por que o presidente do INSS quer o afastamento?
No ofício obtido pela imprensa, Waller afirma que Léa Bressy Amorim ocupa a Diretoria de Tecnologia da Informação e também é responsável por assumir a presidência do INSS na ausência do titular.
Ele destaca que a proximidade pessoal dela com Stefanutto pode comprometer a imagem institucional, especialmente em meio às apurações.
A intenção, segundo o documento, é garantir que o órgão permaneça alinhado à investigação e demonstre total colaboração com as autoridades.
Ministério da Previdência pede mais esclarecimentos
Após receber o pedido, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, respondeu ao presidente do INSS cobrando detalhes.
Ele solicitou que Waller aponte, de forma objetiva, quais condutas, irregularidades ou possíveis crimes justificariam o afastamento da servidora.
Como funciona o esquema investigado no INSS
A operação que levou à prisão de Stefanutto revelou um esquema de descontos irregulares aplicados entre 2019 e 2024.
Segundo a Polícia Federal, o grupo envolvido retirava valores mensais de aposentados e pensionistas como se eles fossem associados a entidades de apoio, algo que não havia sido autorizado.
As cobranças eram apresentadas como mensalidades de serviços jurídicos, descontos em academias e vantagens em planos de saúde. No entanto, as associações não possuíam estrutura para oferecer o que divulgavam.
De acordo com o que foi relatado à época pelo ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius de Carvalho, 11 entidades foram alvo de medidas judiciais. Os contratos firmados com aposentados e pensionistas foram suspensos durante a investigação.
Os crimes sob investigação
A PF apura uma série de crimes relacionados ao esquema, incluindo:
- inserção de dados falsos em sistemas oficiais
- formação de organização criminosa
- estelionato previdenciário
- corrupção ativa e passiva
- ocultação e dilapidação patrimonial
As suspeitas somam desvios que podem chegar a R$ 6,3 bilhões.
Como se proteger de descontos indevidos do INSS?
Em meio às investigações, o caso também reacende a necessidade de atenção por parte de aposentados e pensionistas. Uma forma de evitar prejuízos é acompanhar com frequência o extrato de pagamento, verificando cada desconto registrado.
Ao identificar valores que não reconhece, o beneficiário deve buscar esclarecimentos imediatamente, seja pelo atendimento oficial do INSS ou pelos canais eletrônicos.
Também é importante desconfiar de ofertas de serviços que prometem vantagens sem explicações claras, já que cobranças injustificadas podem ocorrer quando o segurado não tem informações completas sobre o que está contratando. Manter atenção constante ajuda a prevenir novos problemas.