O mês de setembro se tornou marcante para vários usuários do Bolsa Família. Isso porque muitos beneficiários encontraram valores acumulados que multiplicaram o benefício mensal, chegando a cifras pouco comuns no programa.
Para algumas famílias, os retroativos gerados ao longo de meses só foram liberados agora, elevando os repasses para patamares muito acima do habitual.
Esses valores chamaram atenção pelo montante final recebido por quem regularizou pendências dentro das regras do programa.
Casos registrados em diferentes estados mostram que os retroativos podem somar de seis a sete parcelas acumuladas, impactando diretamente na renda das famílias.
Valores elevados surpreendem beneficiários
Entre os relatos mais expressivos está o de Juvenilha dos Santos Farias, moradora de Marcelândia (MT), que recebeu seis parcelas retroativas de R$ 1,83 mil – todas disponibilizadas em setembro. Somando o benefício mensal, o valor final chegou a R$ 10,9 mil.
Outro exemplo é o de Marcos Correia da Silva, de Mâncio Lima (AC). Ele teve acesso a sete parcelas de R$ 1,3 mil referentes a retroativos, totalizando R$ 8 mil. Com o benefício do mês incluído, o repasse final atingiu R$ 9,4 mil.
Já Luana Araújo do Nascimento acumulou R$ 7,7 mil em parcelas retroativas, divididas em seis liberações de R$ 1,5 mil. Ao adicionar o valor mensal do Bolsa Família, a quantia recebida chegou a R$ 9,2 mil.
De forma geral, os números movimentaram cifras significativas nos estados. Em Alagoas, os retroativos totalizaram R$ 1,4 milhão. No Rio de Janeiro, onde há um volume maior de beneficiários, os pagamentos acumulados alcançaram R$ 9 milhões.
Por que os retroativos do Bolsa Família são liberados?
Diante dos questionamentos sobre pagamentos tão altos, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) detalhou duas situações que podem levar à liberação desses valores.
A primeira é a liberação de parcelas bloqueadas. Nessas situações, o benefício continua sendo gerado normalmente, mesmo quando está temporariamente indisponível para saque por causa de averiguação ou revisão cadastral.
Assim que o beneficiário regulariza a situação dentro do prazo, todas as parcelas são liberadas de uma só vez.
A segunda situação envolve o que o MDS chama de pagamento retroativo em sentido técnico-legal. Segundo a Portaria nº 897/2023, isso ocorre quando há reversão de suspensão ou cancelamento.
Nesses casos, são geradas parcelas posteriores referentes aos meses em que o benefício não foi repassado.
Ministério confirma que pagamentos continuam
Questionado se o procedimento segue ativo, o MDS informou que sim. Mesmo durante bloqueios, as parcelas continuam sendo criadas e ficam aguardando liberação.
Já em suspensões ou cancelamentos, os valores retroativos só são pagos após a reversão, conforme as normas vigentes.
Sobre os valores altos observados em setembro, o Ministério ressaltou que não confirma dados individualizados, respeitando o sigilo e a proteção de informações pessoais. Também explicou que montantes maiores podem surgir em famílias com composição diferenciada, benefícios adicionais ou regularizações realizadas após longo período.