quarta-feira,
17 de dezembro de 2025

Pesquisa aponta alta saída de beneficiários do Bolsa Família

Essa análise revela que a maior taxa de saída do programa é entre aqueles que eram adolescentes no ano de 2014

De cada dez indivíduos que recebiam o Bolsa Família em 2014, seis conseguiram sair do programa assistencial nos dez anos seguintes. Essa observação faz parte do estudo Filhos do Bolsa Família, que foi divulgado na sexta-feira (5) pela Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro.

A análise, realizada em colaboração com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), revela que a maior taxa de saída do programa é entre aqueles que eram adolescentes em 2014.

Enquanto a média de saída entre os beneficiários foi de 60,68%, no grupo de jovens com idades entre 15 e 17 anos, a proporção atinge 71,25%. Isso significa que, de cada dez, sete não precisam mais da transferência de renda na década seguinte.

A seguir, a faixa etária de 11 a 14 anos apresenta uma taxa de saída de 68,80%. Quanto às crianças com até 4 anos, 41,26% deixaram o programa no período de dez anos.

O público analisado neste estudo é tratado como a “segunda geração” do programa, que foi instaurado em 2003.

Mobilidade social

O professor de economia da FGV, Valdemar Rodrigues de Pinho Neto, autor do estudo, considera o Bolsa Família não apenas uma maneira de amenizar os efeitos imediatos da pobreza, mas também um meio de promover a mobilidade social.

Ele enfatiza a relevância das condições de saúde e educação, como a obrigação dos responsáveis em manter as crianças na escola, garantir a vacinação em dia e realizar exames de pré-natal.

O pesquisador observa que a saída dos beneficiários do Bolsa Família é um fator crucial para a continuidade dessa política social.

Valdemar Neto destaca que os que saíram do Bolsa Família não ficaram desamparados.

No grupo de jovens de 15 a 17 anos em 2014, 28,4% tinham um emprego formal dez anos depois; além disso, mais da metade (52,67%) havia se desinscrito do Cadastro Único (CadÚnico), que serve como uma porta de entrada para os programas sociais do governo voltados à população em situação vulnerável.

O estudo procurou dados sobre o mercado de trabalho formal através da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que é uma declaração anual obrigatória que as empresas devem enviar ao governo com informações sobre seus funcionários.

Situação

A análise concluiu que o contexto socioeconômico em que os beneficiários do Bolsa Família estão inseridos afetou a taxa de saída do programa entre 2014 e 2025.

Entre outras descobertas, a pesquisa aponta que:

Em áreas urbanas, a taxa de saída de jovens de 6 a 17 anos (67%) é maior do que nas regiões rurais (55%);

  • Jovens de 6 a 17 anos que pertencem a famílias onde o responsável possui um emprego formal apresentam uma taxa de saída (79,40%) superior em comparação àqueles que trabalham sem registro (57,51%) e aos autônomos (65,54%);
  • Jovens de 6 a 17 anos pertencentes a famílias cujo responsável tem ensino médio têm uma taxa de saída (70%) superior àqueles que apenas completaram o ensino fundamental (65,31%).

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Thais Rodrigues
Thais Rodrigues
Formada em Jornalismo desde 2009 pela Unicsul e também pós-graduada em Jornalismo Esportivo pelo Centro Universitário FMU. Atualmente trabalhando nas áreas de redação, marketing e assessoria de imprensa.

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