O Congresso Nacional aprovou o Orçamento Geral da União para 2026, consolidando o novo salário mínimo em R$ 1.621,00. O valor, que entra em vigor em 1º de janeiro, representa um aumento nominal de R$ 103,00 (6,79%) em relação ao piso atual.
Embora a medida seja um alento para o poder de compra de milhões de brasileiros, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) alerta para o peso significativo dessa atualização nas contas da Previdência Social.
Custo da valorização
De acordo com nota técnica do Dieese, o reajuste terá um impacto direto de R$ 39,1 bilhões nas despesas previdenciárias em 2026.
Esse cálculo baseia-se no fato de que aproximadamente 70,8% dos beneficiários do INSS recebem exatamente um salário mínimo.
Para o instituto, cada real acrescido ao piso nacional gera um custo adicional de R$ 380,5 milhões por ano aos cofres da Previdência.
Apesar da pressão fiscal, o aumento considera-se como um motor para a economia interna. Estima-se que o novo valor injete cerca de R$ 81,7 bilhões na massa de rendimentos do país, beneficiando diretamente 61,9 milhões de pessoas, entre trabalhadores do setor público e privado, aposentados e pensionistas.
Impacto para o trabalhador informal e autônomo
Para quem atua na informalidade ou como autônomo, o novo mínimo de R$ 1.621,00 funciona como uma régua de cidadania e proteção:
- Piso de Referência: Mesmo sem carteira assinada, o valor serve como base para negociações de serviços e fretes.
- Justiça do Trabalho: Em casos de reconhecimento de vínculo empregatício na Justiça, todas as verbas (férias, 13º e FGTS) serão calculadas com base neste novo patamar.
- Contribuição ao INSS: O valor das guias de pagamento (GPS) e do MEI será reajustado. Para o Microempreendedor Individual, por exemplo, o pagamento mensal da previdência acompanha o valor vigente. Garantindo que benefícios como auxílio-doença e salário-maternidade também sejam pagos pelo novo piso.
Equilíbrio entre consumo e responsabilidade
A política de valorização, que combina a inflação (INPC) com o crescimento do PIB (limitado pelas regras do arcabouço fiscal), busca garantir ganhos reais acima do custo de vida.
No entanto, o Dieese destaca que, embora o reajuste seja positivo, o valor ainda está distante do “salário mínimo ideal” necessário para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas, que segundo o órgão deveria ser superior a R$ 7 mil.
Assim, o desafio para 2026 será gerenciar esse incremento nas despesas obrigatórias sem comprometer os investimentos públicos. Mantendo o estímulo ao consumo que o novo mínimo proporciona aos lares de todos os brasileiros.