Caixa defende suspensão completa do consignado do Bolsa Família

Mesmo com as mudanças nas regras do consignado para usuários do Bolsa Família, Caixa indica que não deverá voltar a operar nesta linha

A Caixa Econômica Federal indicou que não deve aderir ao sistema de liberação do consignado para usuários do programa Bolsa Família. A informação foi confirmada pela presidente do banco, Rita Serrano. Em entrevista, ela defendeu uma suspensão completa desta modalidade de crédito.

“Com as novas regras, a operação não se paga. Além disso, esse produto teve um cunho eleitoral, a Caixa foi o banco que mais ofertou crédito, com R$ 7,6 bilhões. É uma excrescência”, disse Serrano. Neste banco, o consignado está suspenso para avaliação desde que ela assumiu o posto em janeiro.

“Não posso ofertar crédito em um auxílio para uma pessoa se alimentar. Na minha opinião, isso tem de ser anulado”, completou ela. Na última semana, o Ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT) chegou a sinalizar que a Caixa estaria presente no sistema do consignado após as mudanças de regra.

O consignado em questão foi aprovado e sancionado ainda em agosto do ano passado, mas só começou a ser liberado de fato a partir de outubro daquele ano. Coincidência ou não, o fato é que os depósitos começaram a acontecer justamente durante o segundo turno das eleições entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Desde então, somente na Caixa Econômica Federal quase R$ 8 bilhões foram liberados, sendo 99% deste saldo apenas durante o período eleitoral. Membros do antigo Governo Federal negam as acusações de que eles estariam usando o sistema como uma espécie de compra de votos, como acusou a nova presidente da Caixa.

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Mudanças no consignado

Na última semana, o Ministério do Desenvolvimento Social decidiu que não vai acabar com o consignado do Bolsa Família. De todo modo, a pasta optou por realizar uma série de mudanças no sistema. Tais alterações atingem apenas as pessoas que ainda não solicitaram o empréstimo, e que pretendem solicitar daqui para frente.

A taxa máxima de juros, por exemplo, caiu de 3,5% para 2,5% ao mês. Os bancos são livres para definir este patamar, desde que não ultrapassem o teto. Além disso, o Ministério também decidiu reduzir o período de tempo máximo para pagamento da dívida de dois anos para apenas seis meses.

Por fim, o Governo também decidiu alterar a margem consignável, que cai de 40% para 5%. Assim, todos os meses os cidadãos só podem comprometer até 5% do seu Bolsa Família. Considerando que o valor base do programa é de R$ 400, então o valor máximo de desconto passa a ser de R$20.

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