Expansão de benefícios sociais impacta em busca de emprego
Entre 2021 e 2023, a proporção da renda domiciliar da população total proveniente de programas sociais subiu de 2,6% para 3,7%Economistas ouvidos pela CNN apontam que a expansão de benefícios sociais como o Bolsa Família nos últimos anos tem gerado um dilema em relação à perda do interesse da população mais vulnerável em buscar emprego, o que representa desafios estruturais para a economia brasileira.
Entre 2021 e 2023, a proporção da renda domiciliar da população total proveniente de programas sociais subiu de 2,6% para 3,7%.
Na região mais pobre do país, o Nordeste, houve um aumento desse percentual de 6,8% para 9,7% no período mencionado. Em 2023, foi constatado que aproximadamente 79% da renda dos extremamente pobres na região provenia dos auxílios governamentais.
Os dados foram coletados no estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) sobre a composição de renda e a inserção no mercado de trabalho, com ênfase no Nordeste e na população em situação de extrema pobreza.
As informações foram obtidas a partir dos dados da Pnad Contínua e do IBGE referentes aos anos de 2021 e 2023. O estudo intitulado: “Composição de renda e inserção no mercado de trabalho: uma análise com foco no Nordeste e na população em extrema pobreza”
Números mostram que há uma diminuição do interesse da população em buscar emprego. Durante esse período, é importante ressaltar que a taxa de desemprego diminuiu de 14,9% para 6,8%.
Flávio Ataliba, coordenador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do NE do FGV Ibre e autor do estudo, sugere que o Brasil precisa seguir um caminho oposto ao atual fenômeno.
De acordo com o autor, esse cenário “mostra que essas famílias estão com dificuldade de sair dessa situação e ir para uma situação em que o emprego de carteira assinada seja o elemento mais importante da sua renda”.
Apesar do mercado de trabalho estar aquecido e do desemprego em queda, Ataliba ressalta que essa melhora não é suficiente para tirar a população em extrema pobreza dessa situação.
O coordenador também destaca que, apesar do aumento de auxílios ter um impacto direto na redução da pobreza, ele não é suficiente para resolver a causa principal do problema.
“A gente precisa superar essa resiliência e retirar essas pessoas da condição de extrema pobreza”, pontua.