Zema critica Nordeste, mas Minas também depende do Bolsa Família; veja números
Declarações de Romeu Zema sobre o Nordeste geraram polêmica, mas levantamento mostra que Minas Gerais também se beneficia do Bolsa FamíliaAs declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobre a suposta dependência do Nordeste em relação ao Bolsa Família causaram polêmica e foram vistas como preconceituosas por lideranças da região.
Mas, ao olhar para dentro de Minas, a realidade mostra um quadro preocupante: em boa parte do estado, a presença do programa social supera a quantidade de empregos com carteira assinada.
O dado é revelador porque expõe que a dependência do Bolsa Família não se restringe ao Nordeste.
Em Minas Gerais, principalmente nos municípios mais pobres, o programa se torna essencial para sustentar milhares de famílias que não encontram oportunidades formais de trabalho.
Minas Gerais também depende do Bolsa Família
Segundo análise do colunista Pedro Fernando Nery, do Estadão, a lógica é simples: em locais com poucas empresas e baixa geração de empregos, o apoio estatal se torna indispensável.
Isso acontece não apenas no Norte e Nordeste, mas também em áreas de transição, como o interior mineiro.
Enquanto em Belo Horizonte e cidades próximas há mais trabalhadores com carteira assinada do que beneficiários do Bolsa Família, a situação se inverte em boa parte do Norte de Minas.
Quase 40% dos municípios têm mais Bolsa Família que empregos
O levantamento mostra que cerca de 300 municípios mineiros têm hoje mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores formais.
Em cidades como Cônego Marinho e Setubinha, os números são muito mais expressivos a favor do programa social.
O caso mais extremo está em Pedra Bonita, onde a quantidade de pessoas inscritas no Bolsa Família é 20 vezes maior que a de empregados com carteira assinada.
O contraste entre capital e interior
Esse cenário revela um abismo dentro do próprio estado:
- Belo Horizonte e região metropolitana: predominância de empregos formais.
- Norte de Minas: predominância do Bolsa Família, em alguns casos com proporções alarmantes.
Ou seja, a crítica de Zema ao Nordeste ignora que a mesma realidade existe em Minas Gerais, em proporções que não podem ser desconsideradas.
O Bolsa Família
O Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda do país. Dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento Social indicam que pouco mais de 19 milhões de pessoas estão aptas ao recebimento do benefício neste mês de setembro, por exemplo.
Para ter direito ao saldo é preciso ter uma conta ativa e atualizada no sistema do Cadúnico do governo federal. Além disso, também é importante ter uma renda per capita de até R$ 218. Famílias mais numerosas passam a ter mais chances de receber valores maiores.