Estudos sugerem aumento no Bolsa Família por conta de mercado de trabalho
Antes da pandemia, mais de 60 por cento das pessoas em idade ativa estavam empregadas ou, ao menos, buscando empregoDois estudos recentes sugerem que o aumento no Bolsa Família nos últimos anos pode ter influenciado o mercado de trabalho. Há indícios de que parte da população desempregada tenha desistido de procurar trabalho.
O indicador principal de que uma parte da população mais desfavorecida parou de procurar emprego é a taxa de participação, que mede o número de pessoas que estão empregadas ou ativamente buscando trabalho.
Antes da pandemia, mais de 60% das pessoas em idade ativa estavam empregadas ou buscando emprego. Atualmente, essa porcentagem é de 62,1%. Hoje há mais pessoas sem trabalho e sem procurar emprego do que se comparado ao início de 2020.
A Taxa de participação diminui quando há um grande número de pessoas empregadas no Brasil e uma das menores taxas de desemprego já registradas.
Os dados não são contraditórios, de acordo com o economista Flávio Ataliba, coordenador do Centro de Estudos do Desenvolvimento do Nordeste, do FGV-Ibre.
Entenda como isso funciona
A população em idade ativa, ou seja, as pessoas a partir de 14 anos, aumentou 4,2% de dezembro de 2019 a junho de 2024. Por outro lado, a força de trabalho, que inclui empregados e desempregados em busca de trabalho, cresceu apenas 1,8% nesse mesmo período, um índice menor em relação à população em idade ativa.
Já a população fora da força de trabalho, composta por pessoas acima de 14 anos que não estão empregadas e também não procuram emprego, teve um aumento de 8,3% no período mencionado.
A alta é mais pronunciada entre as pessoas fora da força de trabalho. Mais clara fica a situação no Nordeste. Segundo dados do IBGE, mais da metade dos nordestinos com 14 anos ou mais estão empregados ou à procura de trabalho, totalizando 54%.
Antes do surto da pandemia, a porcentagem estava fixada em 56 por cento. Com isso, essa foi a maior queda entre as regiões do país.