A corrida do comércio pela Black Friday já começou, mesmo antes da data oficial. Outdoors, vitrines e anúncios prometem ofertas “imperdíveis”, mas especialistas alertam: essa antecipação pode comprometer o 13º salário antes mesmo de ele cair na conta.
O movimento tem objetivo claro. Dados revelam que 67% dos nordestinos que compraram na última Black Friday seguem pagando parcelas, o que acende um sinal vermelho neste período do ano.
Armadilha começa antes do dinheiro chegar
Shoppings e lojas adotam a tática de antecipar descontos justamente quando o trabalhador inicia planos para limpar o nome, organizar contas ou quitar pendências com o 13º salário.
É neste momento, emocionalmente frágil para quem sonha com um respiro financeiro, que o varejo intensifica a pressão.
Gatilhos que fazem você gastar sem perceber
A prática envolve três estratégias que exploram o comportamento do consumidor:
- Urgência fabricada: expressões como “só hoje” e “últimas peças” impulsionam compras por impulso.
- Descontos ilusórios: produtos aparecem como grandes promoções, embora já tenham custado menos semanas antes.
- Comparação social: reforço de que “todo mundo está aproveitando”, aumentando a sensação de que você está perdendo algo.
Denúncias de preços inflados antes do “desconto” se multiplicaram em 2024, comprovando a tática do varejo para aumentar lucro e estimular parcelamentos longos.
Quando o parcelamento engole o 13º salário
O celular que “cabe no bolso” em 12 vezes pode custar muito mais no fim das contas. Um exemplo comum é o trabalhador que, ao aceitar parcelas, abre mão de usar o valor do 13º salário para comprar à vista e até economizar.
Enquanto isso, quem investe o dinheiro ao longo do ano consegue ter retorno maior do que o valor do produto que parcelou.
Como usar o 13º salário com estratégia
Uma técnica conhecida no comércio popular divide o dinheiro em três partes, evitando desperdícios. A lógica é simples: se o dinheiro não for separado, ele desaparece sem perceber.
Balde 1 – Dívidas (50%): Priorize o pagamento de débitos, especialmente cartão de crédito, que tem juros muito superiores a qualquer rendimento.
Balde 2 – Reserva (30%): Separe parte do 13º para emergência, mesmo em aplicações simples.
Balde 3 – Consumo (20%): Use uma pequena fatia para compras e lazer. O problema não é gastar, é extrapolar o limite.
O teste das 72 horas
Antes de aproveitar uma oferta da Black Friday, faça uma pausa. Espere três dias. Se o produto continuar necessário, considere a compra. Se a vontade passar, você evita transformar o 13º salário em novas parcelas.
O 13º é uma conquista trabalhista histórica, pensada para dar fôlego ao orçamento. Ceder ao apelo emocional do comércio pode transformar o benefício em novas dívidas e comprometer o início de 2026.
Informação, paciência e planejamento ainda são as maiores “promoções” que o trabalhador pode aproveitar.


