O Imposto de Renda passará por uma das maiores reformulações dos últimos anos a partir de 2026. O governo federal sancionou o projeto que altera a tabela do IR e redefine quem será isento e quem terá redução na cobrança.
A mudança mexe com milhões de contribuintes, especialmente os que recebem até R$ 7.350 mensais.
O ponto central da nova regra é a ampliação da faixa de isenção. Quem ganha até R$ 5 mil por mês não pagará mais Imposto de Renda, enquanto uma redução parcial também alcançará rendas de até R$ 7.350.
As normas atuais para quem ultrapassa esse valor continuam valendo, sem atualização da tabela geral.
Nova configuração da isenção e das alíquotas
O governo estabelece, na prática, duas tabelas distintas a partir de 2026. A primeira engloba trabalhadores com renda mensal de até R$ 7.350, que passarão a ter isenção total ou redução na cobrança.
Já os contribuintes com rendimentos superiores a esse valor seguirão sendo tributados de acordo com a tabela tradicional, usada atualmente.
Hoje, o limite de isenção está em R$ 2.428,80. Embora a nova faixa de isenção tenha começado a valer em maio, o desconto simplificado automático de R$ 607,20 faz com que trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, equivalente a R$ 3.036, tenham seu IR zerado.
A sanção do projeto amplia esse alívio para todos que ganham até R$ 5 mil. A mudança também estabelece um alívio parcial para quem recebe até R$ 7.350, criando um sistema de cobrança separado para esse grupo.
Tabela atual para quem ganha acima de R$ 7.350 (ano-base 2025)
- Até R$ 2.428,80 — isento
- De R$ 2.428,81 até R$ 2.826,65 — 7,5%
- De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 — 15%
- De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 — 22,5%
- Acima de R$ 4.664,68 — 27,5%
Quando a nova regra passa a valer?
O projeto define que a tabela reformulada começará a ser aplicada em 1º de janeiro de 2026.
Segundo estimativas do governo, cerca de 16 milhões de brasileiros serão beneficiados, tanto os que deixarão de pagar IR quanto os que passarão a pagar menos.
A perda de arrecadação esperada é de R$ 31,2 bilhões no próximo ano.
Como o governo vai compensar a perda de arrecadação?
O texto aprovado cria um imposto mínimo para contribuintes com alta renda e estabelece tributação de remessas de dividendos enviadas ao exterior.
Somadas, essas duas medidas devem resultar em aproximadamente R$ 34,1 bilhões, compensando o impacto causado pelas mudanças na tabela.
O imposto mínimo alcançará quem recebe acima de R$ 50 mil por mês ou R$ 600 mil por ano. A cobrança será progressiva e pode variar de 0% a 10%. A alíquota máxima incidirá sobre contribuintes com renda anual acima de R$ 1,2 milhão. A expectativa é que 141 mil pessoas sejam alcançadas pela nova política.
Como essa renda será calculada?
O cálculo levará em conta todos os rendimentos da pessoa física, incluindo lucros e dividendos. Porém, há exceções previstas no texto. Não entram na conta:
- Ganhos de capital provenientes da venda de imóvel, exceto quando negociados em Bolsa
- Valores recebidos acumuladamente, como ações judiciais ou aluguéis atrasados
- Rendimentos de poupança
- Indenizações por acidente de trabalho, danos morais ou materiais
- Rendimentos de aposentadoria e isenções por doenças, como Aids e câncer
- Investimentos ligados a infraestrutura, setor imobiliário e agricultura, como LCI e LCA
Heranças e doações em adiantamento de legítima também ficam fora do cálculo, mesmo quando elevam a renda anual acima de R$ 600 mil.