O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que já está levando em conta os efeitos da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda em suas análises sobre a taxa Selic.
A medida foi incluída de forma preliminar na última reunião, quando o colegiado decidiu manter os juros básicos em 15% ao ano.
Segundo o comitê, a estimativa feita ainda é incerta e será ajustada conforme novos dados forem divulgados. O grupo classificou o cálculo como conservador e explicou que o impacto dependerá de informações fiscais e de crédito.
Selic segue no maior patamar desde 2006
A taxa de 15% ao ano foi mantida pela terceira vez consecutiva, desde a interrupção do ciclo de alta em julho. Assim, o índice continua no nível mais elevado desde 2006.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 9 e 10 de dezembro, quando o cenário econômico voltará a ser avaliado.
Nova faixa de isenção do Imposto de Renda
O projeto aprovado pelo Congresso prevê isenção total do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês.
Já os trabalhadores com rendimentos entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 terão redução nas alíquotas aplicadas.
Em entrevista à CNN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve sancionar a proposta na próxima quarta-feira (12).
A implementação está prevista para janeiro de 2026, ano de eleições.
Para equilibrar as contas públicas, a proposta inclui a criação de um imposto mínimo sobre rendimentos anuais acima de R$ 600 mil.
Os efeitos da isenção do Imposto de Renda
A elevação da faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais pode trazer reflexos positivos na economia. Com mais renda disponível, trabalhadores dessa faixa tendem a consumir mais, o que estimula setores como comércio, serviços e pequenas indústrias.
Esse movimento tem potencial para gerar um círculo virtuoso, aumentando o faturamento das empresas e, por consequência, a arrecadação por meio de outros tributos, como ICMS e ISS.
Além disso, o reajuste da tabela representa um alívio importante para a classe média, que vinha sendo impactada pela defasagem acumulada do Imposto de Renda ao longo dos últimos anos.
Especialistas costumam destacar que medidas desse tipo ajudam a corrigir distorções e reforçam o poder de compra de quem tem menor capacidade contributiva.
O impacto fiscal inicial tende a ser compensado de forma gradual, à medida que o aumento do consumo movimenta a economia formal. Com mais recursos circulando, há expectativa de estímulo à produção, geração de empregos e até melhora na arrecadação indireta.
Para o governo, a mudança também tem valor simbólico: sinaliza preocupação com a renda das famílias e o equilíbrio entre justiça tributária e crescimento econômico.