Em pronunciamento em cadeia nacional no último domingo (30/11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a colocar o Imposto de Renda no centro do embate político.
Embora a nova faixa de isenção já estivesse aprovada e sancionada, o foco do discurso foi outro: as críticas diretas à “elite brasileira” e o argumento de que o país precisa enfrentar desigualdades que ele considera históricas.
Lula afirmou que esse grupo de alta renda acumula vantagens incompatíveis com a realidade da maior parte da população. Para ele, é “vergonhoso” que pessoas com patrimônio elevado acabem pagando menos Imposto de Renda do que trabalhadores comuns e famílias de classe média.
O presidente defendeu que a ampliação da isenção — válida para quem recebe até R$ 5 mil mensais — deve vir acompanhada de mais cobrança sobre os mais ricos.
O que Lula disse sobre a elite e a justiça tributária
Segundo o presidente, a nova legislação atuará, justamente, contra “privilégios de uma pequena elite financeira” e terá impacto direto na construção de um sistema mais equilibrado.
Lula destacou que o aumento da faixa isenta só foi possível porque “0,1% da população” passará a pagar mais impostos, o que, na avaliação dele, representa um alívio para milhões de famílias.
Durante o pronunciamento, Lula citou ainda que a lei sancionada no dia 26 cria um desconto para quem ganha até R$ 7.350 mensais e estabelece uma tributação mínima para pessoas de alta renda. A medida prevê alíquotas progressivas chegando a 10% para quem recebe mais de R$ 600 mil por ano, com aplicação a partir de 2026.
Governo associa mudanças à campanha por justiça econômica
O presidente reforçou que o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda foi uma promessa de campanha e é visto internamente como um avanço rumo ao que auxiliares chamam de “justiça tributária”.
Ele também mencionou outras iniciativas sociais, como o Bolsa Família, e fez referência ao slogan da campanha de divulgação sobre a nova regra: “Brasil mais justo”.
“Nosso governo está do lado do povo brasileiro, construindo um país mais próspero, mais forte e, principalmente, mais justo”, afirmou.
Comparações com bilionários e crítica à desigualdade
Lula também recorreu a exemplos para ilustrar o descompasso que enxerga no sistema tributário atual.
“Quem mora em mansão, tem dinheiro no exterior, coleciona carros importados, jatinhos particulares e jet-skis, paga dez vezes menos do que uma professora, um policial ou uma enfermeira”, disse.
Em outro trecho, voltou a defender a urgência da mudança:
“Imagina uma pessoa lutar para ter uma moradia digna, andar de ônibus, se esforçar para comprar um carro, e pagar 10 vezes mais imposto de renda do que os bilionários do nosso país. Isso é inaceitável. Era preciso mudar. E nós estamos mudando”.