terça-feira,
18 de novembro de 2025

Abono salarial vai mudar em 2026 e milhões podem ficar de fora; veja o que muda

As regras do abono salarial passarão por mudanças em 2026 e devem reduzir o número de trabalhadores com direito ao benefício. Entenda como ficará o cálculo

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O abono salarial está prestes a passar pela maior transformação dos últimos anos, e o impacto pode ser sentido por milhões de trabalhadores. 

A partir de 2026, o cálculo do benefício deixará de seguir o aumento do salário mínimo e passará a ser corrigido apenas pela inflação. Na prática, isso significa que o acesso ao abono ficará cada vez mais restrito.

A mudança faz parte do pacote fiscal aprovado pelo Congresso no fim de 2024 e altera diretamente a forma como o PIS e o Pasep são liberados. 

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Até aqui, o limite de renda considerado era o equivalente a dois salários mínimos. Com a nova regra, esse critério será atualizado anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor.

O que muda no abono salarial a partir de 2026

Hoje, trabalhadores da iniciativa privada (PIS) e servidores públicos (Pasep) têm direito ao abono salarial se cumprirem requisitos como ter atuado por pelo menos 30 dias no ano-base e recebido até dois salários mínimos mensais. 

O valor pago pode chegar a um salário mínimo, sendo proporcional ao tempo de trabalho no período analisado.

Em 2025, por exemplo, o pagamento ainda seguiu a regra antiga. Receberam o benefício os trabalhadores que tiveram remuneração média de até R$ 2.640 no ano-base de 2023, com valores proporcionais ao número de meses trabalhados.

A partir de 2026, porém, o cenário muda. O limite de renda deixará de acompanhar o salário mínimo, que continuará tendo ganho real acima da inflação, e passará a ser corrigido apenas pelo INPC. Esse ajuste deve reduzir gradualmente o número de beneficiários ao longo dos próximos anos.

Restrição gradual até 2035

Com a nova metodologia, o governo estima que, em 2035, apenas quem ganhou até um salário mínimo e meio no ano-base terá direito ao abono salarial. Como o salário mínimo seguirá com previsão de aumentos reais, o benefício não acompanhará esse ritmo.

O governo justifica que o objetivo é tornar o programa mais sustentável e focado em quem realmente tem renda mais baixa. Se o critério continuasse indexado ao salário mínimo, o número de beneficiários aumentaria automaticamente a cada reajuste, ampliando também os gastos públicos.

Por que as regras foram alteradas?

Atualmente, o salário mínimo é reajustado considerando a inflação e o crescimento da economia, o que costuma gerar aumentos acima da variação dos preços. Com o abono salarial vinculado a esse valor, o custo para o governo cresceria ano após ano.

Ao aplicar apenas o INPC ao limite de renda, o benefício acompanha o custo de vida, mas deixa de ampliar o número de habilitados em ritmos acelerados. Assim, o ajuste busca garantir a continuidade do PIS/Pasep sem pressionar ainda mais as despesas públicas.

Requisitos continuam os mesmos

Mesmo com a mudança no cálculo, os critérios básicos de acesso ao abono salarial não sofreram alterações. Continua sendo necessário:

  • Estar inscrito no programa há pelo menos cinco anos
  • Ter atuado com carteira assinada por, no mínimo, 30 dias no ano-base
  • Estar dentro do limite de renda permitido para o ano
  • Ter os dados enviados corretamente pelo empregador na RAIS ou no eSocial

Os dois programas seguem atendendo trabalhadores do setor privado (PIS) e servidores públicos (Pasep), desde que cumpram todas as exigências.

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Aécio de Paula
Aécio de Paula
Jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e pós-graduado em Direitos Humanos pela mesma instituição. Atua na produção, edição e apuração de conteúdos sobre política, economia, sociedade e cultura, com experiência em redações e portais de notícia.

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