Como a briga entre Lira e Renan pode embolar a isenção do IR

Aumento da isenção do Imposto de Renda para a casa dos R$ 5 mil foi uma das principais promessas de campanha de Lula
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O que uma disputa local em Alagoas tem a ver com o bolso da população brasileira? Muita coisa. A proposta do governo Lula de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil pode ser atropelada por um embate de gigantes que ultrapassa o campo político e entra no terreno pessoal.

De um lado, o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara. Do outro, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Quem é de Alagoas já sabe que eles são rivais históricos. A novidade agora é que os dois se armam nos bastidores de Brasília com um olho no projeto e outro nas eleições de 2026, onde podem disputar uma cadeira no próprio Senado.

A proposta de isenção do IR

A proposta de isenção ganhou força após a divulgação da última pesquisa Datafolha, em 10 de abril. 

Segundo o levantamento, 70% dos brasileiros são favoráveis à isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.

O dado animou o governo federal, que enfrenta críticas sobre a economia e via até dúvidas internas sobre o impacto político da medida.

Mas o clima de otimismo vem com um alerta: aprovar o projeto pode não ser tão simples. Para que ele saia do papel, Lula vai precisar do apoio do Congresso Nacional. 

Entendendo o impasse da isenção na Câmara

A primeira batalha acontece na Câmara dos Deputados. Embora a parte da isenção para os mais pobres deva avançar sem grandes obstáculos, há um impasse sobre como compensar a perda de arrecadação.

Afinal de contas, para reduzir o imposto para os mais pobres, o governo federal vai ter que apresentar uma proposta de compensação. Em resumo: alguém vai precisar perder, para que outro alguém ganhe.

A ideia do governo, aliás, já foi apresentada: manter a retenção de 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil. Mas Lira já cogita resgatar uma proposta do governo Bolsonaro, que previa reduzir a taxação sobre empresas e dividendos.

Essa mudança de rota desagrada o Ministério da Fazenda, que não quer ver risco de dividir os louros da proposta com o governo anterior.

Uma comissão especial será instalada logo após a Páscoa. Lira pretende liderar os debates, ampliando seu protagonismo, o que incomoda Renan Calheiros

O Senado à espreita da isenção

Se Lira brilhar na Câmara, Renan não pretende ficar para trás no Senado. Ele já articula nos bastidores para, quando o projeto chegar à Casa, assumir a relatoria na CAE, mesmo que tenha que  abrir mão temporariamente da presidência do colegiado.

A ideia é simples: quem for visto como o pai da isenção poderá usar esse título em 2026. O senador aposta, inclusive, no capital político de Lula, que venceu em 89 das 102 cidades de Alagoas, uma vantagem que pode ser decisiva.

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