Governo quer cobrar mais dos ricos, mas Câmara pode reduzir nova alíquota do IR
Deputados discutem mudanças no projeto do Imposto de Renda: proposta atual arrecada mais que o necessário, e parte da base quer aliviar o impacto sobre os mais ricosO deputado Arthur Lira (PP-AL), relator do projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês, afirmou que a proposta atual do governo arrecada mais do que o necessário para compensar a isenção.
Por isso, os parlamentares avaliam reduzir a alíquota mínima prevista para as altas rendas.
Segundo Lira, a estimativa da equipe econômica é de que a renúncia fiscal em 2026 seja de R$ 25,8 bilhões, enquanto a arrecadação gerada pela nova alíquota chegaria a R$ 34 bilhões.
Diante disso, a Câmara discute reduzir a alíquota mínima de 10% para 9% ou até 8%.
“Se estamos buscando neutralidade com a isenção dos R$ 5 mil, precisamos de uma alíquota que seja mais eficaz”, declarou o deputado.
Governo quer elevar impostos para os mais ricos
A proposta do Executivo prevê tributação a partir de R$ 600 mil ao ano, com alíquota mínima de 10% para quem ganha acima de R$ 1,2 milhão.
Segundo dados do Ministério da Fazenda, cerca de 144 mil contribuintes de alta renda pagam, em média, apenas 2,5% de IR, enquanto trabalhadores assalariados da classe média, como policiais e professores, pagam cerca de 10%.
A tributação de dividendos
Arthur Lira indicou que, além da mudança na alíquota mínima, o relatório pode considerar outra alternativa: a taxação de dividendos.
A proposta estaria em fase de discussão entre os coordenadores do projeto.
“São duas linhas em análise: o IR mínimo com mudanças pontuais e a possibilidade de tributar dividendos. Ainda não batemos o martelo.”
E o IOF?
Outro ponto em discussão é a inclusão das medidas para compensar a queda de arrecadação com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O governo tentou reajustar o imposto via decreto, mas a medida foi barrada pelo Congresso e suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Lira, partidos como PSD e MDB sugeriram incorporar as medidas ao projeto do IR, desde que não agravem a complexidade do texto.
“Precisamos encontrar uma solução jurídica, política e legislativa para isso”, afirmou o deputado.
Haddad critica “FlaxFlu”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a polarização entre Executivo e Legislativo em torno do IOF.
Em entrevista ao portal Metrópoles, o chefe da pasta econômica pediu mais “honestidade intelectual” no debate sobre política fiscal:
“O Fla x Flu não interessa a ninguém. O 1% mais rico precisa entender que o ajuste não pode recair só sobre os mais pobres.”
O lado do governo federal
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reforçou que a disputa sobre o IOF vai além do mérito da medida. Segundo ele, está em jogo a própria autoridade do Executivo para editar decretos e portarias:
“Se um governo não puder mais editar decretos, acabou o governo.”