“Só o zelador paga o condomínio”: Haddad faz comparação polêmica ao defender novo Imposto de Renda
Ministro afirma que ricos pagam menos IR que classe média e que ainda não viu proposta melhor que a apresentada pelo governo LulaO ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi direto: segundo ele, até agora, nenhuma sugestão superou a proposta do governo para reformar o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (11), ele afirmou que a medida enviada pelo Executivo amplia a justiça fiscal e tenta corrigir distorções históricas no país.
“Não temos pretensão de sermos donos da verdade, mas até o presente momento, eu não consegui enxergar uma proposta que seja melhor que essa”, declarou o ministro.
O que diz o projeto
O projeto de lei em discussão prevê elevar a faixa de isenção do IRPF de R$ 3.036 para R$ 5.000. Para compensar a renúncia fiscal, o governo propõe:
- Aumento da carga tributária sobre quem recebe R$ 50 mil por mês ou mais;
- Taxação de dividendos enviados ao exterior;
- Estabelecimento de uma alíquota mínima de 10% para quem recebe R$ 1 milhão ao ano (hoje, pagam apenas 2,5%).
“Morador da cobertura não paga condomínio”
Durante sua fala, Haddad fez uma analogia que causou repercussão:
“O zelador está pagando o condomínio do mesmo prédio. Como é que você cobra do zelador e não cobra de quem mora na cobertura?”
A metáfora foi usada para ilustrar o que o ministro classifica como uma injustiça estrutural na cobrança do Imposto de Renda.
Segundo ele, quem ganha muito paga proporcionalmente menos do que a classe média e os servidores públicos, que arcam com alíquotas efetivas de 22% a 23%.
Reforma do Imposto de Renda
Haddad destacou que a proposta visa enfrentar um problema “dramático” de distribuição de renda no Brasil. Segundo ele, muitas das críticas ao IR vêm de setores com “privilégios” que buscam manter um sistema desigual.
“Muita gente veio a Brasília esta semana para dizer o quão injusto é pagar Imposto de Renda. Mas quem ganha R$ 1 milhão por ano paga 2,5%. Isso é justo?”
Para o ministro, a proposta do governo Lula representa um avanço concreto no combate à desigualdade, sem afetar negativamente a classe média, o funcionalismo público ou os congressistas.
O lado econômico
Durante a audiência, Haddad também fez um balanço das ações do governo na área econômica. Entre os principais pontos citados por ele, estão:
- A aprovação da maior reforma tributária sobre consumo da história democrática do Brasil;
- Crescimento médio do país em 3% ao ano durante o governo Lula, quase o dobro da média de anos anteriores;
- O Brasil voltou a ser a 8ª economia do mundo, com melhora na nota de crédito internacional;
- Queda da taxa de desemprego para níveis históricos;
- Saída de 15 milhões de brasileiros da fome em dois anos.
Haddad atribuiu parte desse avanço ao apoio do Congresso, do STF e do STJ, que ajudaram a reduzir riscos fiscais e aprovar medidas importantes para a estabilidade econômica.