Aumento de reclamações sobre empréstimos consignados no INSS

O número de queixas de consumidores aumentou em 119%. Entenda
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As queixas de consumidores sobre irregularidades em empréstimos consignados com débitos automáticos nas contas do INSS dispararam 119% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024. 

Esse aumento expressivo acende um alerta sobre possíveis fraudes e práticas indevidas nesse tipo de crédito.

Veja a seguir.

O que está acontecendo?

O crescimento das reclamações acompanha as suspeitas de fraude levantadas por importantes órgãos de controle. O Tribunal de Contas da União (TCU) e a Polícia Federal, por meio da Operação Sem Desconto, já haviam sinalizado problemas no sistema.

Em resposta a essas preocupações, o INSS está atualmente conduzindo uma auditoria abrangente nos empréstimos consignados. O objetivo é investigar as irregularidades e garantir a proteção dos segurados.

Entenda o Crédito Consignado

Para contextualizar, o crédito consignado é uma modalidade de empréstimo em que as parcelas são descontadas diretamente da fonte de renda do devedor. No caso dos aposentados e pensionistas, o débito é feito mês a mês dos pagamentos do INSS. 

Para trabalhadores assalariados, o desconto ocorre no contracheque. Essa característica, que oferece menor risco de inadimplência para as instituições financeiras, historicamente resultou em juros mais baixos. 

No entanto, a crescente onda de reclamações sugere que essa modalidade está sendo alvo de ações irregulares que prejudicam os consumidores.

Números

O primeiro semestre de 2025 registrou um salto alarmante nas reclamações de consumidores contra bancos no portal Consumidor.gov. O motivo? Empréstimos consignados que os aposentados afirmam não terem contratado, além de cobranças indevidas e falta de transparência nos documentos.

Dados levantados revelam que, das 37 mil reclamações gerais sobre o tema nos primeiros seis meses do ano, impressionantes 19 mil casos envolvem aposentados que relatam não ter autorizado qualquer empréstimo. Isso representa um aumento significativo em relação às 16,8 mil reclamações do mesmo período de 2024.

O que aconteceu com a autorregulação?

Em resposta, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) atribui parte do aumento à maior visibilidade do tema consignado após a Operação Sem Desconto. 

Curiosamente, a federação destaca que as reclamações vinham em queda nos anos anteriores. Para conter as fraudes, os bancos instituíram um sistema de autorregulação em 2020, que, segundo a Febraban, resultou em uma redução de 110,2 mil reclamações em 2021 para 24 mil em 2024.

Entre 2020 e 2025, esse sistema aplicou 1.461 punições a correspondentes bancários por irregularidades na concessão de crédito consignado a aposentados, com 113 deles banidos de operar com as instituições financeiras participantes.

Como funcionam as fraudes?

Nas fraudes relatadas, o dinheiro dos empréstimos cai na conta do cliente, e os pagamentos são descontados mensalmente, mesmo sem a autorização do aposentado para se endividar. 

Ou seja, o problema não é o desvio de dinheiro, mas a contratação não consentida do empréstimo.

Medidas e bancos envolvidos

Após a Operação Sem Desconto, o novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, agiu rapidamente: bloqueou novos créditos consignados e implementou a exigência de reconhecimento facial. Como resultado, o número de empréstimos caiu para o menor patamar desde 2023.

A Polícia Federal revelou que grupos que fraudavam descontos associativos, como um no Ceará, também estavam envolvidos na venda de empréstimos consignados. 

No entanto, a maioria desses empréstimos fraudulentos é realizada através do sistema bancário comum, seja por correspondentes bancários ou vendas por telefone.

Os bancos com o maior número de reclamações de consumidores neste ano são:

  • Banco BMG (líder)
  • Banco Pan
  • Banco Santander
  • Facta Financeira
  • Agibank
  • Bradesco
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