INSS investiga uso de CNHs vencidas em suposto golpe contra aposentados
CGU identificou que fichas com carteiras de habilitação vencidas foram usadas para justificar descontos indevidos em benefícios do INSSAtenção, aposentados e pensionistas do INSS: um novo caso de suposta fraude envolvendo descontos indevidos voltou a chamar a atenção das autoridades federais.
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que fichas com CNHs vencidas teriam sido usadas por uma associação para justificar mensalidades que nunca foram autorizadas pelos beneficiários.
De acordo com o documento, a União Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (Unibap) apresentou fichas de filiação com carteiras de habilitação expiradas, o que levantou suspeitas de uso indevido de dados pessoais e vício de consentimento. A defesa nega as irregularidades.
Como o caso chegou ao INSS?
A investigação teve início após o INSS registrar um aumento repentino no número de filiações à associação e várias queixas de beneficiários que não reconheciam os descontos em seus contracheques.
A Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão (DIRBEN) chegou a solicitar 86 fichas de filiação para verificação. As reclamações eram muitas:
- 97 queixas no portal Fala.BR
- 559 reclamações no site Reclame Aqui
- 8 mil pedidos de exclusão de mensalidades consideradas não autorizadas
Em 30 dos 97 casos analisados, os aposentados afirmaram claramente não ter permitido os descontos.
CNHs vencidas e suspeita de falsificação
A CGU constatou que diversas fichas apresentadas traziam CNHs vencidas desde 2019, enquanto as supostas adesões ocorreram apenas a partir de 2021. Em alguns casos, o intervalo entre o vencimento do documento e a filiação passava de dois anos.
“Constatou-se a recorrente apresentação de fichas contendo Carteiras Nacionais de Habilitação com validade expirada”, diz o relatório.
Um dos exemplos citados mostra que um beneficiário teria sido filiado em junho de 2022 e teve desconto já no mês seguinte, mas em menos de 30 dias apresentou reclamação dizendo nunca ter autorizado o vínculo.
Operação Sem Desconto
O caso foi incorporado ao contexto da Operação Sem Desconto, que investiga um suposto esquema de descontos irregulares em benefícios do INSS.
Segundo a CGU, o uso de documentos antigos somado às negativas dos beneficiários reforça a hipótese de que houve preenchimento fraudulento das fichas e uso ilícito de dados pessoais.
O que diz a defesa?
A defesa da Unibap afirma que há “politização” no processo conduzido pela CGU e alega que o órgão impediu o amplo direito de defesa ao manter o sigilo das investigações.
O advogado Daniel Gerber sustenta que o INSS já havia fiscalizado a associação e constatado que ela “estava em ordem”. Segundo ele, as adesões eram feitas por correspondentes bancários, e não diretamente pela entidade.
“Jamais houve motivo para a associação desconfiar de falsidade”, afirma o advogado, acrescentando que as reclamações sempre foram resolvidas rapidamente.