O caso que envolve possíveis fraudes no INSS ganhou novos capítulos. Documentos sigilosos apontam que o empresário Maurício Camisotti, alvo de investigação, movimentou milhões em espécie ao longo dos últimos anos.
Os dados reforçam as suspeitas sobre o esquema de descontos irregulares em benefícios previdenciários.
Segundo investigadores, Camisotti seria um dos beneficiários finais dos valores desviados de aposentadorias e pensões do INSS. As retiradas chamaram a atenção das autoridades pela forma e pelas datas em que foram realizadas.
INSS em foco: retirada de milhões em dinheiro vivo entrou no radar
Relatório elaborado pelo Coaf a pedido da CPI do INSS indica que o empresário sacou R$ 7,2 milhões em espécie, distribuídos em 11 transações.
Ao todo, entre 2018 e 2025, foram identificados 17 saques. Apenas um deles, em setembro de 2019, chegou a R$ 3 milhões, em uma agência bancária em São Paulo.
A justificativa registrada para esse saque mencionava “reserva emergencial em casa”, associada à situação do país à época. Outros valores também impressionam:
- R$ 900 mil
- R$ 530 mil
- Três retiradas de R$ 500 mil
- Dois saques de R$ 400 mil
- Um de R$ 250 mil
- Um de R$ 110 mil
- Um de R$ 100 mil
Além dessas altas quantias, o Coaf também destacou outras retiradas de valores menores.
Quatro saques somaram R$ 187 mil e dois chegaram a R$ 98 mil, movimentações que podem indicar fragmentação de valores para evitar notificações automáticas.
Investigação do INSS questiona origem das transações
As análises apontam possíveis tentativas de driblar o rastreamento financeiro. Movimentar dinheiro vivo não é crime, mas operações de alto valor costumam ser vistas como sinal de alerta para irregularidades, pois dificultam o acompanhamento dos recursos.
A defesa de Camisotti nega qualquer participação em fraudes relacionadas ao INSS. Em nota, afirmou que todas as retiradas foram legais, declaradas às autoridades e compatíveis com suas atividades empresariais. Também reforçou que parte desses saques ocorreu antes de contratos com entidades investigadas.
Ligação com escândalo dos descontos do INSS
Camisotti foi preso em setembro durante operação que também deteve o chamado Careca do INSS, apontado como operador do esquema. A ação mirou ainda endereços ligados ao advogado Nelson Wilians.
O suposto esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS ganhou repercussão após investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União. As suspeitas envolvem lavagem de dinheiro por meio de entidades responsáveis por solicitar descontos nas aposentadorias.
Entre os repasses investigados, empresas de Camisotti teriam recebido valores da Ambec, uma das associações sob suspeita. Documentos mostram que o INSS enviou quase R$ 400 milhões à entidade entre 2023 e 2025.