sexta-feira,
14 de novembro de 2025

PF expõe fraude bilionária no INSS e mira nomes ligados a Lula e Bolsonaro

Nova fase da Operação Sem Desconto mira fraudes no INSS e envolve ex-presidente do instituto e ex-ministro da Previdência. Prejuízos passam de R$ 6 bilhões

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Um novo capítulo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, atingiu diretamente figuras que comandaram áreas estratégicas da Previdência durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. 

A ofensiva mira um esquema bilionário de descontos irregulares realizados em aposentadorias e pensões do INSS, envolvendo sindicatos, associações e repasses considerados ilegais pela investigação.

A operação resultou em prisão preventiva, uso de tornozeleira eletrônica e dezenas de mandados de busca e apreensão. Segundo a PF e a Controladoria-Geral da União, o prejuízo causado pelas fraudes ultrapassou R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024.

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PF aponta participação de ex-ministro na manutenção do esquema

Um dos alvos é José Carlos Oliveira, ex-ministro da Previdência e do Trabalho no governo Bolsonaro. Ele também já presidiu o INSS e acumulou funções no órgão desde 1985, passando por áreas como Benefícios, superintendências regionais e direção nacional.

A PF afirma que Oliveira, atualmente identificado como Ahmed Mohamad Oliveira Andrade, teve papel estratégico para manter e blindar o esquema. 

A investigação menciona repasses ilegais, recebimento de propina e pagamentos liberados sem a devida comprovação de filiação dos beneficiários à Conafer, entidade que se beneficiou de autorizações do INSS.

Mensagens interceptadas identificam o ex-ministro como “Yasser” e “São Paulo”. Uma planilha de fevereiro de 2023 registra o nome dele vinculado a um repasse de R$ 100 mil. Também há referência a uma liberação irregular de R$ 15,3 milhões à Conafer. 

Durante depoimento à CPI do INSS, Oliveira negou irregularidades e disse que possíveis abusos seriam responsabilidade de entidades externas. Ele agora está obrigado a usar tornozeleira eletrônica e foi alvo de busca e apreensão.

Ex-presidente do INSS é preso e acusado de dar respaldo jurídico às fraudes

Outro alvo de destaque é Alessandro Stefanutto, que presidiu o INSS no governo Lula. Servidor de carreira, jurista e autor de livros sobre direitos humanos, Stefanutto era visto como um nome técnico para fortalecer a gestão da Previdência. 

Sua nomeação em 2023 teve apoio de setores do PSB e foi articulada pelo então ministro Carlos Lupi.

Para a PF, no entanto, a atuação dele no comando do instituto teria permitido que entidades recebessem liberações em massa para realizar descontos em benefícios, mesmo após pareceres contrários da Procuradoria do INSS. 

A polícia afirma que essas autorizações deram aparência de legalidade a operações ilegais. Stefanutto foi preso preventivamente após decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou também 63 buscas e apreensões em 14 estados e no Distrito Federal.

A defesa classifica a prisão como ilegal e afirma que ele colaborou com toda a investigação.

Como funcionava o esquema de descontos no INSS, segundo a PF

As fraudes teriam ocorrido por meio de acordos de cooperação entre o INSS e entidades sindicais ou associações. 

Esses convênios deveriam permitir apenas descontos autorizados voluntariamente por aposentados e pensionistas. A PF sustenta que muitos desses abatimentos foram realizados sem a permissão dos beneficiários.

Entre 2019 e 2023, os repasses da Conafer cresceram de R$ 400 mil para R$ 202 milhões. A Controladoria-Geral da União identificou ainda que 70% das entidades com autorização de desconto não apresentaram a documentação exigida pelo INSS. O prejuízo estimado supera R$ 6 bilhões.

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Aécio de Paula
Aécio de Paula
Jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e pós-graduado em Direitos Humanos pela mesma instituição. Atua na produção, edição e apuração de conteúdos sobre política, economia, sociedade e cultura, com experiência em redações e portais de notícia.

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