PF queria agir desde 2024, mas operação contra fraudes no INSS só saiu em 2025. O motivo vai te surpreender
Investigação mirava esquema milionário em descontos indevidos de aposentados. Operação só foi deflagrada após articulação nacionalA Polícia Federal (PF) já estava pronta para agir contra um esquema de fraudes em descontos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde julho de 2024.
No entanto, a operação nacional só foi deflagrada em abril de 2025, quase nove meses depois, por conta de entraves envolvendo articulações com o Ministério Público Federal (MPF) e decisões judiciais que exigiram uma ação coordenada em diversos estados do país.
Mas o que motivou essa demora?
Segundo reportagem publicada pelo Portal Uol, A PF de São Paulo já tinha um pedido de buscas pronto no ano passado. No entanto, esse pedido não incluía ainda dirigentes do INSS.
A investigação focava em suspeitas contra 22 pessoas físicas e jurídicas ligadas à Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefício Coletivo (Ambec), incluindo os empresários Maurício Camissotti e Antônio Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Ambos negam as acusações.
O pedido só foi protocolado na Justiça Federal em novembro de 2024. Um mês depois, o juiz Massimo Palazzolo autorizou as buscas, que ainda precisaram ser prorrogadas duas vezes.
O Ministério Público Federal e a PF em Brasília avaliaram que a operação precisava ser nacional. A preocupação era evitar vazamentos e garantir que os suspeitos não destruíssem provas.
O que aconteceu na investigação do INSS
A Operação Sem Desconto foi deflagrada somente em 23 de abril de 2025, com ações simultâneas em 13 estados e no Distrito Federal.
Seis dirigentes do INSS foram afastados, incluindo o então presidente da autarquia Alessandro Stefanutto.
Os alertas ignorados pelo INSS
A cúpula do INSS desconsiderou pelo menos seis alertas da Controladoria-Geral da União, determinações do TCU e até uma auditoria interna.
Mesmo após anunciar medidas para tornar os descontos mais rigorosos, a direção do INSS teria liberado novas autorizações em tempo recorde.
A questão do foro privilegiado
Um repasse de R$ 5,4 milhões ao deputado estadual Edson Cunha (MA) gerou um impasse sobre o foro competente.
O caso foi enviado ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que posteriormente devolveu o processo à primeira instância por não ver relação direta entre o valor e o cargo político do parlamentar.
Essa ida e vinda no Judiciário foi mais um fator que empurrou a operação para abril.
O que diz a Polícia Federal
Em ofício enviado à Justiça Federal em São Paulo, a PF pediu prorrogação de mandados para poder coordenar melhor a operação nacional:
“O cumprimento simultâneo é essencial para evitar prejuízos às demais apurações em curso. Uma questão prejudicial foi suscitada por um juiz e está pendente de apreciação pelo TRF, o que exige mais tempo para organizar a operação conjunta”, diz o documento.
Ao menos até a publicação deste artigo, o deputado estadual Edson Cunha, também citado na reportagem do Uol, não tinha se manifestado sobre as informações.