quarta-feira,
24 de dezembro de 2025

Reajuste do INSS: por que quem ganha mais que o mínimo terá um aumento menor?

Por que o cálculo “achata” os valores de quem recebe acima do piso ao longo dos anos?

O anúncio do salário-mínimo para 2026, fixado em R$ 1.621,00, reacende um debate crônico na economia brasileira: a dualidade dos reajustes previdenciários. 

Embora o novo valor represente um avanço na política de valorização do poder de compra das camadas mais baixas, ele também evidencia o fenômeno do “achatamento” para quem recebe acima do piso nacional.

Dualidade dos Índices

A sistemática de cálculo atual utiliza uma métrica de dois caminhos. De um lado, o salário-mínimo é corrigido pela combinação da inflação (INPC) com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. 

Essa fórmula garante o chamado “ganho real”, permitindo que o consumo das famílias que recebem o piso acompanhe o ritmo da economia nacional.

Do outro lado, os benefícios que excedem o valor mínimo — o grupo que compõe a classe média dos aposentados — são reajustados estritamente pela variação do INPC. O resultado é uma erosão gradual da hierarquia salarial na previdência.

O fenômeno do achatamento

Economicamente, essa política gera o que especialistas chamam de “convergência ao piso”. Um segurado que, ao se aposentar, recebia o equivalente a quatro salários-mínimos, percebe que, após uma década, seu benefício foi reduzido a pouco mais de dois salários em termos relativos. 

Embora a Constituição Federal garanta a preservação do “valor real” dos benefícios, na prática, o custo de vida específico da terceira idade — fortemente impactado por medicamentos e planos de saúde — tende a subir acima dos índices gerais de inflação.

Defesa do patrimônio previdenciário

Diante da ausência de ganho real por vias legislativas para quem ganha acima do mínimo, a gestão do patrimônio previdenciário passa a exigir um olhar mais técnico do segurado. A defasagem anual tem levado um número crescente de brasileiros a buscar a revisão da concessão.

Muitas vezes, a solução para a perda do poder de compra não reside no reajuste governamental, mas na correção de falhas históricas: a não inclusão de tempos de trabalho rural, períodos de atividade especial (insalubridade) ou erros de cálculo no período básico de cálculo (PBC). 

Em um cenário onde o teto e o piso se aproximam a cada ano, a conferência do cálculo inicial deixa de ser um detalhe burocrático para se tornar uma estratégia de sobrevivência financeira.

Compartilhe:

Ana Lima
Ana Lima
Ana Lima é formada em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá e já atua na profissão há mais de 30 anos. Já foi repórter, diagramadora e editora em jornais do interior e agora atua na mídia digital. Possui diversos cursos na área de jornalismo e já atuou na Câmara Municipal de Teresópolis como assessora de imprensa.

Notícias relacionadas

Mais lidas da semana

App O Trabalhador