segunda-feira,
20 de outubro de 2025

Bolsa Família do Japão? Programa que ampara idosos brasileiros vira alvo de polêmica

Programa japonês semelhante ao Bolsa Família garante sobrevivência de idosos brasileiros, mas enfrenta críticas e preconceito

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Muitos brasileiros sonham em garantir tranquilidade na velhice após décadas de trabalho. 

Mas para quem vive no Japão, essa realidade pode ser bem diferente e, às vezes, só é possível graças a um benefício social que, de certa forma, lembra o Bolsa Família brasileiro.

É o caso de Yoshio, paulista de 80 anos, que passou mais de três décadas em fábricas japonesas. 

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Após um acidente de bicicleta, todas as suas economias foram consumidas por custos hospitalares. Sem direito à aposentadoria, por nunca ter contribuído para o sistema previdenciário japonês, ele se viu sem saída. 

A solução veio por meio do Seikatsu Hogo, programa de assistência voltado a pessoas em situação de vulnerabilidade.

Estrangeiros e resistência social

Apesar de salvar vidas, o benefício é constantemente alvo de críticas. Muitos japoneses acusam, sem provas, que estrangeiros abusam do sistema. 

Durante as últimas eleições parlamentares, circularam nas redes sociais dados falsos, como a alegação de que 33% dos beneficiários seriam imigrantes.

Os números oficiais, no entanto, desmentem a narrativa: apenas 2,9% das famílias atendidas em 2023 eram de estrangeiros, ou seja, um total de 45.973, dentro de um universo de 1,65 milhão de domicílios beneficiados.

O peso da história no Bolsa Família

Alguns grupos têm maior dependência por questões históricas, como os descendentes de coreanos que migraram antes da Segunda Guerra Mundial e permaneceram no país. 

Sem acesso à aposentadoria, muitos envelheceram sem qualquer rede de apoio. Ainda assim, acabam sendo usados como alvo de discursos xenofóbicos em um Japão onde mais de 30% da população já ultrapassou os 65 anos.

“É essencial basear o debate em dados, não em fake news”, alerta o professor Edson Urano, especialista em Políticas Públicas Internacionais.

Brasileiros e o dilema do Bolsa Família

Atualmente, mais de 3 milhões de estrangeiros vivem no Japão. Os brasileiros representam cerca de 5,6% desse total. 

Muitos chegaram nos anos 1990 e agora se aproximam da aposentadoria, mas grande parte não contribuiu para o sistema local.

O acordo previdenciário entre Brasil e Japão, assinado em 2010, permite somar tempo de contribuição nos dois países. Porém, milhares de imigrantes não se inscreveram em nenhum dos sistemas por falta de informação. 

Isso deixa casos como o de Antonio, de 78 anos, em situação de extrema vulnerabilidade.

Depois de quase 30 anos em fábricas, ele descobriu tarde demais que não tinha direito a benefícios. Hoje, sobrevive com ajuda do Seikatsu Hogo, ao lado da esposa colombiana. 

O valor médio do benefício é de 100 mil ienes por mês, o que equivale a pouco mais de dois salários mínimos no Brasil. Mesmo assim, o casal precisa cortar despesas e conta com a solidariedade da comunidade para seguir em frente.

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Aécio de Paula
Aécio de Paula
Jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e pós-graduado em Direitos Humanos pela mesma instituição. Atua na produção, edição e apuração de conteúdos sobre política, economia, sociedade e cultura, com experiência em redações e portais de notícia.

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