O acesso ao capital, historicamente uma das maiores barreiras para a população de baixa renda no Brasil, ganha um novo capítulo com a consolidação do microcrédito do Banco do Brasil direcionado aos inscritos no Cadastro Único (CadÚnico).
Lançada como parte estratégica do Programa Acredita no Primeiro Passo, a iniciativa não apenas oferece recursos financeiros, mas propõe um modelo de “crédito orientado”, onde o dinheiro vem acompanhado de capacitação e suporte técnico para transformar pequenos projetos em negócios sustentáveis.
Diferente das linhas de crédito convencionais, que exigem garantias robustas e históricos bancários sólidos, esta modalidade foca no potencial de geração de renda.
O resultado do primeiro ano de operação surpreende o mercado: mais de 190 mil famílias foram beneficiadas, movimentando R$ 1,7 bilhão.
O dado mais expressivo, contudo, reside na responsabilidade dos tomadores: o índice de inadimplência é de apenas 0,36%, desmistificando a ideia de que o crédito para a baixa renda representaria um risco elevado para as instituições financeiras.
Perfil do novo empreendedorismo
O programa estabelece recortes sociais claros para garantir que o recurso chegue aos grupos mais vulneráveis. Atualmente, o protagonismo é feminino: as mulheres detêm 68% das operações realizadas. Além delas, o foco estende-se a jovens, pessoas com deficiência e comunidades tradicionais, como quilombolas e ribeirinhos.
Para solicitar o crédito, o cidadão deve ter entre 16 e 65 anos e estar com os dados rigorosamente atualizados no CadÚnico. A estrutura do programa vai além do repasse monetário, oferecendo um ecossistema de apoio que inclui:
- Juros Subsidiados: Taxas significativamente inferiores às do mercado tradicional.
- Capacitação Profissional: Cursos gratuitos que preparam o beneficiário para gerir o fluxo de caixa e a operação do negócio.
- Inserção de Mercado: Parcerias com grandes corporações que abrem portas para que esses pequenos empreendedores se tornem fornecedores ou acessem vagas no mercado formal.
Inclusão que vai além do empréstimo
A estratégia do Banco do Brasil, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), utiliza o crédito como o “primeiro passo” para a autonomia.
Ao formalizar um pequeno negócio ou expandir uma atividade autônoma, o beneficiário do CadÚnico inicia um processo de saída gradual da dependência exclusiva de auxílios governamentais.
A rede de apoio é capilarizada, envolvendo não apenas as agências do Banco do Brasil, mas também o Banco do Nordeste, o Banco da Amazônia, cooperativas de crédito e as Salas do Empreendedor do Sebrae.
Este último desempenha um papel fundamental na orientação técnica, garantindo que o investimento seja aplicado de forma a gerar o retorno esperado pelo núcleo familiar.
Como acessar
Para os interessados em converter o potencial empreendedor em realidade, o fluxo de solicitação foi simplificado para reduzir a burocracia:
- O primeiro requisito é o selo de regularidade no CadÚnico.
- Recomenda-se procurar uma Sala do Empreendedor ou agência bancária parceira para entender o plano de negócio.
- Após a aprovação e o recebimento do crédito, o empreendedor passa a contar com o monitoramento de profissionais especializados, assegurando que o capital cumpra sua função social e econômica.