Quando o piso pesa: Aumento real do salário pode comprometer a economia?
Existe uma grande discussão em torno do impacto do aumento real do salário mínimo nas contas públicas. Veja o que dizem os especialistasA decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de elevar o salário mínimo sempre de maneira real, ou seja, sempre acima da inflação, começou a reavivar um debate econômico e político antigo no Brasil.
Enquanto uma parcela da população celebra essa medida como uma espécie de avanço social, que beneficia sobretudo os mais pobres, outros alertam que existe um grande potencial negativo do ponto de vista fiscal.
Mas afinal de contas, quem está certo nessa discussão? Aumentar o salário mínimo de maneira real pode gerar algum tipo de problema para economia do país?
Os benefícios do aumento real do salário mínimo
Elevar o salário mínimo de maneira real significa afirmar que os trabalhadores têm um aumento acima da inflação. De uma maneira prática, pode-se afirmar que essa medida aumenta o poder de compra dos trabalhadores e de aposentados, o que permite mais acesso a bens e serviços.
Além disso, uma política de reajuste real também contribui para a redução da desigualdade social, visto que o reajuste beneficia especialmente as famílias mais vulneráveis que dependem diretamente do salário mínimo.
Existem ainda benefícios econômicos. Com o aumento real do salário mínimo, é natural imaginar que existe também um aumento do consumo, que pode destravar a atividade econômica, gerando mais arrecadação e movimentando setores importantes para a nossa sociedade como de comércio e de serviço.
O outro lado da história
Contudo, existe um outro lado dessa discussão. Alguns economistas afirmam que a política de valorização do salário mínimo pode acabar pressionando significativamente as contas públicas.
Isso aconteceria porque o salário mínimo serve de referência para uma série de benefícios previdenciários e sociais, como a própria aposentadoria, e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), por exemplo.
Como já existe uma avaliação de que as contas públicas estão pressionadas pela alta da dívida pública, um aumento real poderia significar um risco de desequilíbrio fiscal.
Existe algum caminho de equilíbrio para o salário mínimo
Considerando os dois lados dessa discussão, é possível perguntar: alguém está certo? De uma maneira geral, pode-se afirmar que a resposta para essa pergunta vai depender necessariamente do que você considera certo e errado.
Mas existe um caminho do meio. Alguns analistas afirmam que o melhor mesmo seria tentar encontrar um equilíbrio entre os avanços sociais e a sustentabilidade fiscal.
Uma saída, por exemplo, seria investir em uma reforma tributária e no combate aos subsídios ineficientes, que poderiam criar um espaço orçamentário para suportar esse aumento real.