A sensação de segurança ao movimentar o FGTS pode virar preocupação quando uma investigação policial revela que até servidores internos podem burlar o sistema.
Foi exatamente esse o cenário que veio à tona nesta sexta-feira (15), quando a Polícia Federal iniciou uma operação para esclarecer possíveis crimes envolvendo contas de clientes da Caixa Econômica Federal.
Segundo a investigação, a suspeita teria usado o próprio acesso ao sistema bancário para alterar dados, emitir cartões e realizar saques que não pertenciam aos titulares.
O caso despertou atenção por envolver diretamente recursos sensíveis, incluindo movimentações relacionadas ao FGTS.
PF apura manipulação de cadastros e saques irregulares
A operação cumpriu dois mandados de busca e apreensão em bairros de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, como parte da ofensiva para coletar provas sobre o suposto esquema.
As ordens partiram da 2ª Vara Federal de Niterói, que também definiu medidas cautelares contra a funcionária investigada.
As apurações apontam que a servidora da Caixa atuava sozinha. O esquema incluía práticas como:
- Alteração indevida de dados de clientes
- Reemissão irregular de cartões bancários
- Saques presenciais em terminais de autoatendimento
- Possíveis contratações de cartões de crédito
Relatórios internos revelaram sinais de fraude
O alerta inicial veio da própria Caixa, após relatórios internos identificarem um padrão de movimentações fora do comum.
Entre os indícios estavam múltiplos cartões emitidos para um único endereço, alterações sistemáticas de informações em contas e saques realizados em diferentes agências da cidade.
O uso do FGTS em meio a transações suspeitas reforça a gravidade do caso, que agora segue sob análise da Polícia Federal para identificar a extensão das fraudes e os possíveis prejuízos às vítimas.
O que é o FGTS
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é uma das principais garantias trabalhistas do país e funciona como uma espécie de reserva financeira obrigatória.
Ele é formado por depósitos mensais realizados pelos empregadores em contas abertas em nome de cada trabalhador com carteira assinada.
Esses valores não podem ser movimentados livremente no dia a dia, já que o fundo foi criado para oferecer proteção em momentos específicos da vida profissional ou pessoal.
O FGTS pode ser acessado em situações como demissão sem justa causa, compra da casa própria, aposentadoria e em casos de doenças graves previstas em lei. O saque também é permitido quando ocorrem desastres naturais na área onde o trabalhador mora, mediante reconhecimento oficial da situação de emergência.
Recebem FGTS todos os trabalhadores regidos pela CLT, além de integrantes do serviço doméstico, trabalhadores rurais, temporários e intermitentes. Em todos esses casos, o depósito deve ser feito mensalmente pelo empregador correspondente a um percentual do salário.
Por ser um recurso acumulado ao longo do tempo, o FGTS costuma representar um apoio importante em momentos de dificuldade, ajudando famílias a manterem estabilidade financeira enquanto se reorganizam.
