Auxílio Brasil: entenda como a inflação corrói poder do benefício

Dados do IBGE apontam que o poder de compra dos usuários do Auxílio Brasil não é mais o mesmo que o visto há dois anos atrás

Nesta semana, o Governo Federal segue com os pagamentos do programa Auxílio Brasil. Por causa da aprovação da PEC dos Benefícios, o valor dos repasses foi elevado em mais R$ 200. A partir de agosto, todos os mais de 20 milhões de usuários do projeto social podem receber o patamar mínimo de R$ 600.

Entretanto, mesmo com o aumento do valor do Auxílio Brasil, o fato é que a inflação está corroendo o poder de compra dos usuários do programa. Isto quer dizer, portanto, que mesmo que o cidadão receba os R$ 600 mínimos, ele não está podendo mais comprar aquilo que ele comprava com o mesmo saldo há dois anos atrás.

É o que apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, em três anos e meio do governo atual, a inflação atingiu a marca de 26,5%. A maior parte do aumento foi puxada pelo preço dos alimentos, que disparou nos últimos meses.

Nas últimas semanas, os destaques negativos ficaram por conta da cebola e do leite.

Em 2020, quando o Governo Federal iniciou os pagamentos do Auxílio Emergencial, o valor pago pelo programa social também era de R$ 600. Entretanto, com a inflação mais baixa à época, os cidadãos conseguiam sair com mais itens de um supermercado, por exemplo. Hoje, o mesmo saldo já está corroído pela inflação.

Destaques sobre *** por e-mail

Talvez o sistema ajude a entender por que o presidente Jair Bolsonaro ainda não reagiu nas principais pesquisas de intenção de voto até aqui. Na mais recente Ipec divulgada nesta segunda-feira (15), o atual chefe de estado está 12 pontos percentuais atrás do ex-presidente Lula, inclusive quando se considera apenas os eleitores do Auxílio.

Preocupação com a inflação

Nesta segunda-feira (15), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que o Brasil vive um momento de “alta inflacionária”. Ele também alertou que o processo tende a se intensificar durante o ano de 2023.

Nesse sentido, Campos Neto disse que as últimas medidas do Governo que previam a diminuição de impostos e o aumento de gastos com programas sociais ajudaram a segurar a escalada da inflação. Entretanto, ele disse que a situação não terá o mesmo efeito nos próximos anos.

“A gente precisa entender como é que essas medidas vão se dissipar, é difícil modelar isso. É como se você tivesse as medidas do governo pressionando a inflação para baixo, mas os componentes dos anos subsequentes são mais fortes do que a inércia que gera da queda do próprio ano corrente,” disse Campos Neto.

O presidente do BC citou ainda a situação internacional, a crise hídrica e o encarecimento nos custos de produção como situações que agravam a pressão inflacionária no país.

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