No segundo semestre do ano passado, mais de 4,1 milhões de pessoas entraram no programa Auxílio Brasil do Governo Federal. Mês após mês, o projeto social bateu recordes no número de atendidos. Agora, a nova gestão suspeita que este esquema de novas seleções pode ter sido fraudulento.
Em entrevista divulgada na manhã desta quarta-feira (1), o Ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT) disse que a suspeita existe e que a Controladoria Geral da União (CGU) vai investigar o caso para entender o que realmente aconteceu com o procedimento.
Segundo as informações oficiais, houve uma pane nos computadores do Ministério da Cidadania em agosto do ano passado. Este problema técnico teria feito com que milhões de pessoas tenham passado a fazer parte do programa social sem que tenham passado pelos devidos procedimentos de seleção.
“Em agosto do ano passado houve um desligamento do sistema de energia. Estamos investigando exatamente o que aconteceu e se houve responsáveis”, disse Dias. Ainda segundo o Ministro, o sistema está sendo religado e deverá estar pronto para uso novamente no início deste mês de fevereiro.
“São muito fortes os indícios de que esse apagão tenha sido feito com o propósito de, ao se perder o controle, a capacidade de passar por análise criteriosa, fazer uma política eleitoral com uso de um programa social robusto como o Auxílio Brasil. Inicialmente a investigação está sendo feita pelo ministério, pela CGU e a AGU”, disse o Ministro.
Ministério da Cidadania nega
Em resposta ao jornal O Globo, o ex-ministro da Cidadania, Ronaldo Bento nega que tenha acontecido qualquer tipo de interferência proposital no sistema. Ele disse ainda que o processo de seleção do Auxílio Brasil não teria passado por nenhum problema.
“As informações não procedem. Foi contratado certo. E em nenhum momento ficou sem o sistema nem ocasionou prejuízo à entrega das políticas públicas”, disse Ronaldo Bento, sem dar maiores detalhes”, disse ele.
Pente-fino no Auxílio
Nesta semana, o Governo Federal está intensificando o processo de pente-fino nas contas do Cadúnico. A ideia é justamente encontrar supostas irregularidades no sistema e excluir contas que podem estar recebendo o dinheiro indevidamente.
O Governo também pretende enviar mais de R$ 2,2 bilhões para as prefeituras. A ideia é que as gestões municipais usem este dinheiro para bancar a admissão de novos servidores para ajudar na diminuição das filas do Cadúnico.