Bolsa Família: mais de 16 milhões de cadastros serão corrigidos

Dos mais de 21 milhões de usuários que hoje fazem parte do programa Bolsa Família, cerca de 16 milhões terão que passar por uma correção de renda. Ao menos é o que indica a secretária especial do Cadúnico do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Letícia Bartholo.

Segundo ela, será necessário realizar uma correção nestas contas do Cadúnico para que o cadastro passe por uma normalização. O procedimento não deve ser rápido e pode demorar mais alguns meses. De acordo com Bartholo, é possível que a conclusão das correções só aconteça em abril.

“Temos mais divergências de renda no Cadastro Único identificadas a partir de dados vindos de emprego formal e benefícios previdenciários. O número saltou de 29 milhões de famílias, em dezembro de 2020, para 41 milhões famílias cadastradas, no fim de 2022”, disse a secretária.

“No Cadastro Único, a média de pessoas por família passou de 3 para 2,27. Não há mudança na demografia que justifique algo como isso”, seguiu Bartholo, se referindo ao processo de seleção que foi adotado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano passado.

Nesta versão, o Auxílio Brasil fazia pagamentos mínimos de R$ 600 para todos os usuários do programa, independente da quantidade de cidadãos que residiam na mesma casa. Assim, uma família com cinco integrantes recebia o mesmo que um cidadão que morava sozinho.

Suspeita de fraude

Membros do novo governo suspeitam que ao saber desta nova regra, cidadãos tenham feito parte de uma fraude. Alguns entraram no Cadúnico afirmando que moravam sozinhos, apenas com o objetivo de receber o saldo de R$ 600 para si. Trata-se, portanto, de uma fraude.

Esta suspeita não é apenas da nova gestão federal. Ainda no final do ano passado, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou uma série de argumentos que indicam para indicações de fraudes. O relatório afirma que o sistema de seleção do Auxílio Brasil pode ser um convite aos golpes.

Bolsa Família

Vale lembrar que a correção dos dados de 16 milhões de pessoas não tem relação direta com o sistema de pente-fino do Ministério do Desenvolvimento Social. No caso do pente-fino, a ideia é encontrar fraudes propositais, para retirar as pessoas que não poderiam estar recebendo o benefício social.

Segundo a Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), a projeção atual do Governo é de que algo entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas percam o direito de receber o dinheiro do Bolsa Família nos próximos dias.