Economistas falam sobre correção de salário mínimo acima da inflação

A solução seria o Presidente encaminhar uma medida provisória para que o salário mínimo volte a ser corrigido apenas pela inflação

Com a  mudança do cálculo de reajuste do salário mínimo, que foi corrigido acima da inflação e causou um aumento dos gastos vinculados (despesas com a aposentadoria) que são incompatíveis com os limites da regra fiscal, antecipou o debate sobre uma nova reforma da Previdência.

A validação é dos economistas Fábio Giambiagi e Paulo Tafner, que são especialistas no tema, discutida durante um webinar promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Os economistas mostraram ceticismo em relação à possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitar a ideia de submeter os gastos previdenciários ao teto do arcabouço fiscal. Isso indicaria limitar o aumento dessas despesas a porcentagem de 2,5% acima da inflação.

A solução seria se o Presidente encaminhasse uma medida provisória para que o salário mínimo volte a ser corrigido, a partir de 2026, apenas pela inflação. Assim, deixaria de acrescentar o crescimento da economia, conforme previsto na política de valorização do salário mínimo.

Fábio Giambiagi

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Segundo Fábio Giambiagi, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, essa mudança no cálculo do salário mínimo tem grandes efeitos no futuro da Previdência Social. A expansão das despesas com o INSS aumentariam em função do envelhecimento da população.

Giambiagi ainda pontua que, como já era apontado por economistas, o reajuste do salário mínimo é inconsistente com a regra fiscal.

“Havia uma contradição evidente entre essa regra geral do arcabouço e regras especificas, em particular do salário mínimo”, comentou.

Paulo Tafner

Conforme Paulo Tafner, que é presidente no Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), as simulações feitas na época da reforma não estavam previstos nos gastos previdenciários. A expectativa era de que o piso dos salários fossem corrigidos pela inflação, sem ganho real.

Além disso, o Censo realizado em 2022 apontou uma diminuição da população mais jovem, o que influenciará no financiamento da Previdência nas próximas décadas, além da tendência do envelhecimento da população mais acelerado do que o previsto.

“Quando aumenta o número de idosos, temos uma situação de degradação do financiamento da Previdência.”

Tafner entende que vincular o reajuste do salário mínimo à inflação, além da variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes foi uma proposta apresentada pelo presidente Lula de forma açodada e extemporânea

“Quem ganha salário mínimo não é mais pobre. Você não combate mais pobreza aumentando o valor real do salário mínimo, isso foi no passado. Nos anos 1980, nos anos 1990 e até no começo dos anos 2000. Depois, não tem mais efeito nenhum, é zero”, sustentou Tafner.

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