Inconsistências fiscais: Receita Federal X Redes sociais
Contudo, é relevante mencionar que a Receita Federal está atenta a essas atividades online, em busca de possíveis inconsistências fiscaisNos últimos anos, o Brasil observou um crescimento notável na utilização de redes sociais, que se tornaram parte integrante do dia a dia de uma grande parcela da população. De acordo com informações de 2023, 84% dos brasileiros a partir de 10 anos acessaram a internet, somando cerca de 156 milhões de usuários.
Em 2024, o número de pessoas ativas em redes sociais alcançou 144 milhões, o que significa 66,3% da totalidade da população.
Simultaneamente a esse aumento, verifica-se uma maior exposição a estilos de vida luxuosos, tanto por influenciadores quanto por usuários em geral. É comum encontrar postagens que mostram carros de luxo, iates, viagens internacionais e eventos sociais nas plataformas.
Contudo, é relevante mencionar que a Receita Federal está atenta a essas atividades online, em busca de possíveis inconsistências fiscais.
Especialistas afirmam que a tecnologia moderna permite cruzar dados financeiros com informações públicas disponíveis nas redes sociais. Despesas elevadas, aquisições de bens de luxo e viagens fora do que é declarado podem levar o Fisco a investigar essas situações.
Desde 2017, a Receita Federal já utiliza dados das redes sociais para localizar possíveis irregularidades fiscais.
Para o exercício de 2024, o prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda será entre 15 de março e 31 de maio, seguindo o mesmo cronograma do ano anterior. Neste ano, a omissão de rendimentos representou cerca de 30% das declarações retidas na malha fina.
Contribuintes que se encontram nessa condição devem apresentar declarações retificadoras e pagar eventuais diferenças devidas ao governo. Para os que discordarem, será necessário fornecer comprovantes à Receita Federal.
O acompanhamento das redes sociais por parte dos órgãos fiscais não é uma prática nova. Em 2017, mais de dois mil contribuintes foram identificados apresentando estilos de vida que não condizem com suas declarações de Imposto de Renda.
Em 2019, a Receita Federal confiscou 60 celulares e 100 relógios inteligentes em uma loja no centro de São Paulo, avaliados em R$ 150 mil, após denúncias de que o proprietário promovia esses itens nas redes sociais de forma inconsistente com suas declarações fiscais.
Além do monitoramento das atividades nas redes sociais, a Receita Federal emprega diversas estratégias de fiscalização. A malha fina adota mais de 160 filtros de verificação, que incluem o cruzamento de informações pessoais, como CPF, endereço e dependentes, além de dados financeiros.
Esses procedimentos são facilitados por supercomputadores e sistemas de inteligência artificial que têm a capacidade de analisar grandes volumes de dados.
Entre as informações que a Receita Federal monitora estão:
- Rendimentos;
- Transações financeiras via PIX superiores a R$ 2 mil mensais;
- Pagamentos com cartões de débito que ultrapassem R$ 2 mil mensais;
- Gastos com cartões de crédito além de R$ 2 mil mensais;
- Recebimento de aluguéis;
- Despesas médicas do titular e dependentes, utilizando recibos digitais a partir de 2025;
- Investimentos em ações e criptoativos;
- Posses de veículos automotores;
- Aplicações em renda fixa.
- Quantidade de dependentes;
- Despesas educacionais do titular e de seus dependentes;
- Pagamentos para previdência privada;
- Custos com funcionários domésticos;
- Dados sobre compras e vendas de imóveis;
- Contribuições realizadas via carnê-leão;
- Propriedades localizadas fora do país;
- Deduções associadas a incentivos culturais;
- Doações para organizações sem fins lucrativos.
A crescente presença das mídias sociais na rotina dos brasileiros, combinada com o progresso tecnológico, intensificou os mecanismos de monitoramento da Receita Federal.
Dessa forma, é essencial que os contribuintes assegurem que suas declarações de impostos reflitam de forma precisa seu padrão de vida e os rendimentos divulgados, a fim de evitar eventuais autuações e sanções.