A CPMI do INSS ganhou mais um capítulo tenso na madrugada desta terça-feira (4). O presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, deixou a sessão direto sob escolta policial. A decisão foi tomada após o depoente ser acusado de prestar falso testemunho durante a oitiva.
A CPMI do INSS considerou que Abraão teria apresentado versões conflitantes e ignorado fatos já conhecidos pela comissão. Com isso, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da CPMI, ordenou a prisão do dirigente.
CPMI aponta falso testemunho e “mentiras reiteradas”
Segundo Carlos Viana, as falas contraditórias de Abraão foram determinantes para a prisão. O senador afirmou que o investigado:
- mudou a versão ao menos quatro vezes durante o depoimento
- tentou ocultar o esquema envolvendo pescadores e aposentados
- teria ampliado práticas irregulares já identificadas anteriormente
Para o parlamentar, a CPMI está fechando o cerco em torno de práticas de desvio e golpes contra aposentados e pensionistas.
Acusações contra associações entram na mira do CPMI
Durante coletiva, Viana declarou que o depoimento confirma suspeitas sobre o uso de associações para aplicar golpes. Segundo ele, listas de beneficiários do INSS teriam sido compradas de Antônio Carlos Camilo, conhecido como Careca do INSS.
A investigação aponta ainda para o possível envolvimento de servidores públicos de carreira.
“Dois, três ou talvez quatro servidores […] prejudicaram e muito a Previdência do país”, afirmou Viana.
Entidade é alvo de operações da PF
A CBPA está sob investigação na Operação Sem Desconto, que examina descontos associativos indevidos em benefícios previdenciários.
Um relatório da CGU apontou que a entidade movimentou R$ 221,8 milhões entre fevereiro de 2023 e março de 2025, valores considerados irregulares.
A AGU classificou a confederação como “de fachada”, alegando falta de estrutura compatível com o número de filiados registrados.
Passado de suspeitas
Abraão Lincoln já havia sido afastado da presidência da antiga CNPA por suspeita de venda irregular de licenças de pesca. Ele também responde a processos por corrupção e lavagem de dinheiro.
Cuidados com descontos indevidos
A CPMI reforça que os aposentados e pensionistas precisam ficar atentos a qualquer desconto que não tenha sido previamente autorizado.
O primeiro passo é verificar com frequência o extrato de pagamento do benefício, que pode ser consultado pelo aplicativo ou portal Meu INSS. Caso apareça algum desconto desconhecido, é importante registrar imediatamente uma contestação e pedir o bloqueio de novas cobranças.
Também é essencial desconfiar de ligações, mensagens ou propostas feitas por pessoas que se apresentam como representantes de associações. Em caso de dúvida, a orientação é buscar atendimento direto nos canais oficiais do INSS.