A votação que promete aliviar o bolso de milhões de trabalhadores acabou gerando tensão no Senado. Durante a sessão desta quarta-feira (5), o senador Flávio Bolsonaro se posicionou a favor do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda, mas fez duras críticas ao texto aprovado.
O debate ocorreu enquanto os parlamentares analisavam a proposta que isenta trabalhadores com salários de até R$ 5 mil mensais. A medida também reduz alíquotas para quem recebe entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350.
Senado aprova ampliação da isenção
O projeto, considerado urgente, segue agora para sanção presidencial. A expectativa, segundo os senadores, é que a mudança entre em vigor já em janeiro de 2026.
A proposta mantém pontos aprovados pela Câmara dos Deputados e foi relatada pelo senador Renan Calheiros.
Hoje, apenas quem ganha até R$ 3.076 está livre da cobrança do IR. A nova regra deve beneficiar cerca de 25 milhões de trabalhadores, enquanto a compensação virá do aumento da taxação sobre altos rendimentos, a partir de R$ 600 mil por ano.
Quem vai pagar mais imposto
O aumento da tributação será aplicado gradualmente para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais, incluindo dividendos.
A alíquota máxima será de até 10% e não afetará contribuintes que já pagam esse percentual.
Investimentos ligados ao setor imobiliário e ao agronegócio seguem com isenção, como fundos imobiliários e letras de crédito.
Críticas de Flávio Bolsonaro
Mesmo apoiando a aprovação, Flávio Bolsonaro alertou para um possível impacto negativo sobre profissionais liberais que não estão no Simples Nacional:
“São advogados, médicos, produtores culturais… Isso é um confisco. É o Estado ganhando mais dinheiro com o empreendimento do que o próprio empreendedor.”
O parlamentar do PL-RJ defendeu que as mudanças poderiam corrigir o que considera distorções no atual sistema.
Outras opiniões:
- Weverton (PDT-MA) apontou que a forma de cobrança ainda privilegia especuladores.
- Esperidião Amin (PP-SC) criticou a incidência sobre rendimentos de previdência privada.
- Jayme Campos (União-MT) defendeu que aposentadorias não deveriam sofrer tributação.
Os destaques retirados
Três emendas seriam votadas separadamente, mas Carlos Portinho (PL-RJ) retirou os pedidos após compromisso de que as discussões serão retomadas em outro texto: o PL 5.473/2025. Esse novo projeto deve tratar:
- tributação de profissionais liberais
- lucros e dividendos enviados ao exterior
- prazos da cobrança sobre dividendos
A matéria também deverá elevar a CSLL de instituições financeiras e aumentar a fatia do governo sobre as apostas esportivas.
Segundo Renan Calheiros, o objetivo é concluir essa votação até terça-feira.
Proposta vista como avanço social
A senadora Eliziane Gama destacou que a ampliação da isenção do IR representa redistribuição de renda.
Para ela, a cobrança adicional sobre os mais ricos não deve gerar impacto negativo, mas pode transformar a vida de famílias de baixa renda.