Quem depende do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para organizar a vida financeira talvez não imagine que criminosos também enxergam no benefício uma porta de entrada para golpes.
E foi exatamente esse tipo de esquema que a Polícia Federal decidiu desmontar nesta semana. Uma investigação que já revelava movimentações suspeitas levou à deflagração de duas operações simultâneas nesta terça-feira, dia 18.
As ações ocorreram em diferentes estados e tiveram como alvo um grupo acusado de falsificar documentos e enganar instituições financeiras.
As fraudes atingiam principalmente agências da Caixa Econômica Federal em cidades de Minas Gerais, onde os criminosos buscavam realizar saques indevidos do FGTS e contratar operações bancárias em nome de outras pessoas.
Como funcionava o esquema do FGTS
De acordo com a Polícia Federal, o grupo utilizava documentos de identidade adulterados.
Embora falsificados, os documentos traziam dados verdadeiros de vítimas, o que permitia abrir contas bancárias, emitir cartões, contratar empréstimos e sacar valores do FGTS sem levantar suspeitas no primeiro momento.
As ações aconteciam de forma presencial em diversas agências da Caixa, incluindo unidades de Montes Claros, Francisco Sá, Janaúba, Bocaiuva, Pirapora e João Monlevade.
Os investigadores identificaram que os suspeitos saíam de Goiás rumo a Minas Gerais para executar os golpes.
A PF também destacou que o grupo possuía forte organização interna, com divisão de funções e alto nível de especialização. Isso ficou evidente após análises de movimentações bancárias, laudos periciais e demais materiais coletados durante a investigação.
Desvios e ocultação do dinheiro do FGTS
As apurações mostraram que parte dos valores desviados era direcionada para contas de terceiros. Esse procedimento tinha como objetivo dificultar a localização da origem do dinheiro obtido de maneira criminosa.
Mandados, prisões e operações simultâneas
A ofensiva policial foi dividida entre duas frentes:
- Operação Quimera: autorizou 3 mandados de busca e apreensão em Luziânia e Valparaíso de Goiás
- Operação Hidra: cumpriu 4 prisões preventivas, além de 4 mandados de busca em Valparaíso de Goiás e Brasília. Nesta etapa, houve ainda o sequestro de valores que totalizam quase R$ 1,4 milhão
Duas pessoas foram presas em flagrante. Outros investigados já estavam detidos nos presídios de Abaeté e Brasília, onde também foram cumpridos mandados judiciais.
Durante as ações, veículos e equipamentos eletrônicos foram recolhidos para análise.
Crimes investigados e próximos passos da PF
Os envolvidos podem responder por associação criminosa, uso de documentos falsos e estelionato majorado, classificação aplicada quando o golpe é praticado contra instituições financeiras, o que aumenta a pena.
Toda a operação foi autorizada pela Justiça Federal de Montes Claros, que liberou também o acesso ao conteúdo dos eletrônicos apreendidos e determinou que as provas fossem compartilhadas com a Caixa e outras frentes investigativas.
A PF informou que as apurações continuam para identificar outros participantes e dimensionar o total de prejuízos causados pelo esquema de saques ilegais do FGTS.