Como Bolsonaro mudou o discurso sobre auxílios ao longo dos anos
Presidente já foi radicalmente contra auxílios de transferência de renda. Na quarta (13), ajudou a aprovar um pacote de mais de R$ 41 bilhõesO presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu uma grande vitória no Congresso Nacional nesta quarta-feira (13). Com o apoio até mesmo da oposição, ele conseguiu aprovar a PEC dos Benefícios. Entre outros pontos, o texto prevê o aumento nos valores pagos pelo Auxílio Brasil e vale-gás nacional, e criação de novos benefícios.
O argumento que o Governo usou para aprovar o pacote é ajudar os mais pobres neste momento. Trata-se, portanto, de uma virada histórica no discurso do chefe do executivo. Durante muitos anos, ele chegou a se opor aos repasses.
Em 2000, por exemplo, Bolsonaro foi o único deputado a votar contra o repasse de R$ 1,3 bilhão para o Bolsa Escola, o precursor do Bolsa Família.
“Orgulho-me de ter votado contra o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza”, disse ele em discurso na época. “Sabemos que, infelizmente, esse dinheiro não terá destino certo, será usado o critério do clientelismo, assim como foi usado o critério da demagogia, por parte do autor da proposta, para poder aprová-la”, completou.
No entanto, não é preciso voltar muito no tempo para ver que o presidente mudou de discurso. Durante a campanha presidencial em 2018, Bolsonaro chegou a criticar o próprio Bolsa Família. Entre outras declarações, ele chegou a classificar o programa como “bolsa farelo”, e disse que o projeto “manteria essa turma no poder”.
Já dentro do Governo Federal, Bolsonaro chegou a criticar as pessoas que pediam o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600. Em declarações chanceladas pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, o chefe do executivo disse que um aumento do benefício para este patamar poderia desmantelar as contas públicas.
Aumento do Auxílio vai acontecer
Alguns meses depois, o Auxílio Brasil está sendo elevado justamente para a casa dos R$ 600. A previsão do Governo Federal é iniciar os repasses turbinados já a partir do próximo mês de agosto. Para julho, o valor mínimo ainda é de R$ 400.
Além do aumento do Auxílio Brasil, a PEC dos Benefícios também prevê a elevação dos repasses do vale-gás nacional. O Governo também pretende criar um voucher de R$ 1 mil para os caminhoneiros. Os repasses acontecem entre agosto e dezembro.
Governo nega interesse
Por mais críticas que receba, o Governo Federal nega que a mudança de planos de Bolsonaro sobre o assunto tenha acontecido por questões eleitorais. Aliados do Planalto dizem que o presidente apenas se solidariza com as pessoas que estão passando por necessidades.
Quase todas as mudanças previstas na PEC dos Benefícios devem ter efeito apenas até o final deste ano. Assim, a partir de janeiro de 2023, os beneficiários do Auxílio Brasil voltam a receber os R$ 400 mínimos que já recebem hoje.