terça-feira,
30 de dezembro de 2025

Restrição ao saque-aniversário do FGTS derruba concessão de crédito e encarece juros

Mudança regulatória provocou queda de 31% nos empréstimos em novembro. Linha era usada como alternativa de juro baixo para o crédito pessoal

As novas regras para o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) provocaram um impacto imediato e profundo no mercado de crédito brasileiro. 

Segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) no último dia 26, o endurecimento das condições para a antecipação do benefício causou uma retração de 31% nas concessões de crédito pessoal não consignado em novembro.

A mudança não afetou apenas o volume de dinheiro em circulação, mas também o custo do crédito. No mesmo período, a taxa média de juros para essa modalidade subiu 5,5%, reflexo direto da escassez de uma linha que era considerada uma das mais baratas do sistema financeiro.

O “efeito substituição” nos juros

De acordo com Renato Baldini, chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, a alta nos juros médios não significa, necessariamente, que os bancos aumentaram suas taxas de forma generalizada. 

O fenômeno é estatístico: como a modalidade atrelada ao FGTS — que possui juros baixos por ter garantia real — perdeu espaço, o mercado passou a ser dominado por linhas de crédito mais caras.

Impacto para o consumidor

O cenário atual apresenta um desafio adicional para as famílias brasileiras. Em um ambiente de Selic elevada e maior rigor dos bancos na concessão de empréstimos, o saque-aniversário funcionava como uma “válvula de escape” para crédito de baixo custo.

Os principais reflexos observados pelo BC são:

  • Menos dinheiro na mão: A queda de 31% nas concessões mostra que o consumidor está encontrando mais barreiras para acessar recursos.
  • Custo maior: Sem o FGTS como garantia, o tomador de crédito acaba empurrado para modalidades como o crédito pessoal comum, onde os juros são significativamente mais altos.
  • Sensibilidade regulatória: O episódio demonstra como decisões do Conselho Curador do FGTS podem alterar a dinâmica bancária de forma mais rápida do que a própria política monetária.

Perspectivas

Analistas do mercado financeiro agora monitoram se essa demanda reprimida migrará para outras linhas de crédito ou se haverá uma retração persistente no consumo. 

O BC reforça que alterações regulatórias em fundos públicos têm papel central na definição do preço final do crédito para as famílias brasileiras.

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Ana Lima
Ana Lima
Ana Lima é formada em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá e já atua na profissão há mais de 30 anos. Já foi repórter, diagramadora e editora em jornais do interior e agora atua na mídia digital. Possui diversos cursos na área de jornalismo e já atuou na Câmara Municipal de Teresópolis como assessora de imprensa.

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